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O PT TEM QUE PEGAR A MÃO DE QUEM SÓ LHE APONTA O DEDO ACUSATÓRIO E DEVE SOLTAR A DE LULA? - por Gerson Almeida - Sociólogo

O PT TEM QUE PEGAR A MÃO DE QUEM SÓ LHE APONTA O DEDO ACUSATÓRIO E DEVE SOLTAR A DE LULA?  - por Gerson Almeida - Sociólogo.

Está circulando um artigo de João Filho, publicado no The Intercept, com uma avaliação que me parece muito estranha. Por vários motivos.
Toda ela é centrada em criticar o PT como sectário por não ter participado oficialmente de um evento que buscava formar uma frente pela democracia. No entanto, nada diz em relação ao PSOL, que igualmente não compareceu. Mas isto pode ser apenas um detalhe.
Outra questão diz respeito às pessoas que convocaram esse "Fórum pela Democracia", um chamado grupo de esquerda do PSDB, até então completamente desconhecido e sobre o qual o texto não esclarece as posições que tem defendido no interior do partido dos tucanos em relação ao golpe e ao governo Bolsonaro. Mas, tudo bem.
Sobre o Ciro, o autor afirma que os petistas deveriam tê-lo apoiado no segundo turno das eleições, retomando um assunto que merecia ser deixado para trás para quem quer que todos se deem as mãos e tratem de fortalecer a resistência à barbárie. OK, isto também deve ser relevado.
Estranhamente, no entanto, nada fala sobre a viagem de turismo feita pelo líder que queria ser apoiado no segundo turno, mas jamais cogitou qualquer reciprocidade. Deixemos para lá, isto pode ser picuinha nesta conjuntura e nada constrói. Mas há outra questão e, talvez, a mais esquisita de todas, que é a recusa peremptória dos organizadores do movimento "Direitos Já! - Fórum pela Democracia" em manifestar apoio ao direito de um julgamento justo para um líder popular, injustamente preso e condenado por uma farsa jurídica.
Farsa que é amplamente comprovada pela Vaza-Jato e que mobiliza a consciência democrática do mundo inteiro, exceto no movimento "Direitos Já!". A premissa do autor é que o PT precisa segurar a mão de todos, mesmo daqueles que estão com as suas mãos ocupadas em permanentemente apontar o dedo acusatório contra ele.
Não parece nada razoável que uma frende democrática, tão relevante e necessária possa ser construída sem que as partes reconheçam a legitimidade de todas as demais.
São os pontos comuns que devem amalgamar a unidade e não a imposição de abandono das lutas legitimas de cada partido, como é a libertação de Lula para o PT (para não falar do campo democrático).
A única condição que parece razoável é ser oposição ao governo miliciano e ao golpe que o originou. Caso contrário, seria defender a normalização da situação atual, exigindo apenas um pouco mais de modos ao implantar a agenda ultraliberal.
Tá certo que em muitos momentos pode ser libertador dar a outra face, pois isto pode ser uma contundente denúncia da violência, mas ninguém jamais cogitou em dar liberdade aos apóstolos a conversar sobre qualquer assunto com Judas, mas interditá-los de perguntar sobre como ele conseguiu ganhar aquelas trinta moedas?



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