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POLÍTICA - ANÁLISE DE MÍDIA "DOS JORNAIS DE HOJE" - 19/01/2021

 

 

DOS JORNAIS DE HOJE: Os veículos de imprensa do país voltam a se direcionar todos para o mesmo assunto: a pandemia no Brasil. Esse movimento é importante porque são raras as ocasiões em que todos os veículos de rádio, TV, impressos e virtuais dão ênfase às mesmas reportagens. Nesse contexto, o governo federal fica na berlinda e não apenas pela forma como está conduzindo a logística da vacinação, mas também pela narrativa que vem apresentando. Por exemplo, está em todos os noticiários desde o JN da noite de ontem que o general Pazuello mentiu sobre apoiar o uso de cloroquina. Da mesma forma, está no foco a maneira como Jair Bolsonaro vem reagindo e como ele está contradizendo tudo o que disse antes. Essa concentração dos veículos de imprensa nas mesmas pautas é semelhante ao período que levou à crise política e ao golpe de 2016, a diferença é que, por enquanto, cada veículo trabalha as mesmas pautas com intensidades diferentes.

 

CAPA – Manchete principal: *”Vacinação fica sob ameaça por falta de insumo da China”*

EDITORIAL DA FOLHA - *”Sequelas do atraso”*: À lufada de júbilo que tomou o Brasil, com o início tardio da vacinação contra Covid, sobrevém um choque de realidade em que será preciso superar sequelas do fiasco federal na pandemia. Isso se Jair Bolsonaro e seu inepto ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, nada mais fizeram de errado. Mesmo depois da derrota humilhante na cruzada contra a Coronavac, o presidente continua espalhando desconfiança sobre o produto que, afinal, viu-se obrigado a comprar. Esse, entretanto, constitui o menor dos problemas que o Programa Nacional de Imunização terá de resolver. O efeito adverso mais grave da incompetência do Planalto é a incerteza quanto à regularidade do suprimento de vacinas. Ao apostar num único produto, a Covishield da AstraZeneca e da Universidade de Oxford, o governo federal ficou refém de um fornecedor que agora regateia entregas contratadas. A Fiocruz, parceira de Oxford encarregada de envasar e depois fabricar o imunizante por aqui, ainda não ativou a produção. A partida inicial do ingrediente farmacêutico ativo (IFA) para fracionar 1 milhão de doses no Brasil deveria ter chegado do exterior no final de 2020, mas isso não ocorreu.
Tal atraso desencadeou a patética ofensiva de Pazuello para importar 2 milhões de doses da Índia. O ministro general fracassou, como em quase todas as missões na pasta. Ainda dá por certo o desembarque de 50 milhões de unidades até abril, metade do volume contratado, mas o retrospecto manda desconfiar de suas projeções. O Instituto Butantan, que se associou à Sinovac para produzir a Coronavac no Brasil, enfrenta dificuldades similares. Os 6 milhões de doses ora autorizados para uso emergencial já se encontram em território nacional, assim como insumos para outros 4,8 milhões de unidades até o fim deste mês, mas depois disso nada está garantido. A Sinovac tem compromisso com a entrega de 46 milhões de doses até abril. No entanto está parado em Pequim um carregamento de IFA para 18,3 milhões de injeções. Teme-se que o governo chinês crie obstáculos, assim como na Índia ou mesmo em retaliação pelos ataques do clã Bolsonaro, para liberar o produto estratégico. A China fornece 35% dos insumos farmacêuticos utilizados no Brasil, e a Índia, outros 37%. Os dois países mais populosos do mundo podem bem decidir, pois, que têm prioridade na vacinação. Só estão em solo brasileiro vacinas para dar duas doses a 5,4 milhões de pessoas. Com sorte, menos incúria e mais diplomacia, até abril seria factível obter o suficiente para proteger menos de um quarto da população —isso se não faltarem seringas, se a Saúde não ficar de novo sem ministro e se a logística de Pazuello enfim funcionar.

MARCO FELICIANO - *”Eu sou você amanhã”*: Começo este artigo com algumas considerações. A primeira delas é sociológica. Sendo o maior objetivo de qualquer governo a estabilidade —razão da própria invenção do Estado—, bem certo é que a baderna só interessa à oposição. A segunda meditação é filosófica: o valor do equilíbrio. Já dizia Aristóteles que a virtude está no centro. E o apóstolo Paulo, em sua segunda epístola a Timóteo, afirma àquele que estava ensinando a ser um dos governantes da igreja: “Seja moderado em tudo”. A terceira premissa é jurídico-política: a democracia prescrita pela nossa Carta Magna é o regime das maiorias, da tripartição dos Poderes, dos freios e contrapesos, do “rule of law”. Dito isso, negociar para formar a maioria que não se tem é um fato que se impõe a um governo que pretenda implementar seu programa.
Por fim, o quarto postulado é de natureza histórica: a trajetória dos grandes líderes mundiais ensina que a forma de conquista do poder é diferente de como se o exercita. Explico. É natural que a postura do candidato em uma eleição seja incisiva e, dentro do contexto da administração, o já então governante seja mais tolerante. Principalmente no caso brasileiro, onde o presidente da República é, simultaneamente, o chefe do governo da maioria e o chefe de Estado de todos. É a “realpolitik”, que privilegia o pragmatismo em detrimento das exacerbações ideológicas. Richard Nixon foi à China. Ronald Reagan financiou extremistas muçulmanos contra a União Soviética. João Paulo 2º, com o apoio de Margaret Thatcher, se uniu ao sindicalista Lech Walesa para rasgar a cortina de ferro. Se esses líderes conservadores seguissem a “cartilha” à risca, a Ásia e metade da Europa ainda estariam sob as garras do comunismo e o “império do mal” (como Reagan chamava a União Soviética) estaria de pé. De fato, ideologias são excelentes para formar maiorias circunstanciais em eleições, construir plataformas de governo e dar um norte ao governante. Mas, muitas vezes, podem não ser as melhores conselheiras na hora de administrar o Estado e de executar tais programas.
Enfim, as evidências aqui referidas explicam a sensata atitude do presidente Jair Bolsonaro em liderar a formação de uma ampla coalização congressual de centro-direita, a fim de concretizar o programa liberal-conservador que o povo elegeu em 2018. E o tempo urge, pois nos últimos dez anos a única coisa que este país não teve foi estabilidade, essencial para o desenvolvimento. Foi a década da montanha-russa: a roubalheira lulopetista; a administração ruinosa de Dilma Rousseff (PT), com queda de PIB acumulada maior do que na pandemia; e um procurador-geral da República com ares de Nero, que fez o Congresso votar duas denúncias contra um presidente em menos de 90 dias. E, se isso tudo fosse pouco, quando retomávamos o rumo do crescimento após realizarmos a maior reforma previdenciária do mundo (parceria do governo Bolsonaro com o Parlamento), veio o coronavírus. Daí a responsabilidade do nosso governo de liderar as reformas estruturantes: administrativa, tributária, federativa, desvinculação das receitas, privatizações, autonomia do Banco Central etc. Em suma, destravar a agenda das reformas encapsulada pela ambição desmedida de Rodrigo Maia (DEM-RJ) e de seu grupo —que, para se manterem no poder, fizeram acordos com uma oposição que é vanguarda do atraso e manifestamente contrária às reformas.
Bem sabemos que não existe almoço grátis. A fatura da esquerda vai chegar. Por isso, derrotar a candidatura inerentemente antirreformista de Baleia Rossi (MDB-SP) é uma prioridade nacional, pois só assim avançaremos nas reformas e impediremos o avanço da agenda de estatização e a perversão dos costumes exigida pela esquerda. É por isso que relevo quando meus seguidores nas redes sociais acusam o governo de perder sua identidade. Tenho a ética da responsabilidade. Sei que estamos fazendo política para colocar o projeto em pé. E não temos o direito de errar, pois a volta da esquerda é sempre uma ameaça. Vejam o exemplo da Argentina kirchnerista, que tomou o caminho estatizante da Venezuela e acaba de aprovar a legalização do aborto. Lembram-se do legendário “efeito Orloff”? Não quero nenhum liberal ou conservador argentino falando para mim como uma alma penada: “Eu sou você amanhã”.
+++ A mediocridade é a marca do pensamento de Marco Feliciano, assim como de outros políticos fundamentalistas religiosos.

RICARDO ANTUNES - *”A peste e outros bichos”*: George Orwell, em “A Revolução dos Bichos”, foi buscar nos animais o ideal de humanidade, igualdade e liberdade, visando recuperar valores socialistas que as aberrações (tanto a capitalista como a stalinista) vilipendiavam. Hoje, defrontamo-nos com novas variações do horroroso. Temos o diabo loiro, despenteado e pestilento, que converteu o grande império em exemplo trágico de combate à pandemia. Negacionista e anticientífico, o medonho se tornou o maior responsável pelas quase 400 mil mortes em seu país. Foi derrotado nas urnas, mas tenta resistir com sua indigência decrépita. Já o seu quase símile londrino começou mal e só mudou quando soçobrou. Por pouco não foi desta para melhor. Foi salvo pela dedicação de dois imigrantes que labutam no sistema público de saúde inglês. Enquanto isso, nas bandas de cá, outro dito-cujo se ouriça para preservar sua matilha, com a força da milícia e adulando a polícia. Disse que defenderia os pobres, mas vociferou mesmo ao defender a santidade da propriedade. Os “novos bispos” e os velhos havanos chafurdaram no regozijo, gritando pela enésima vez: “Viva o nosso mito!”. Nesta terra em que se plantando tudo dá, praguejou a variante mais escroque do bonapartismo. Que se apresentou na campanha eleitoral como sendo contra o “sistema” e “contra todos”. E que logo se tornou amigão do modorrento e tenebroso, o que urdiu o golpe para tentar eternizar seu alvará. Tal qual um pícaro do caos e da destruição, negou desde logo a pandemia e jogou o país no precipício, acumulando um débito de mais de 200 mil mortes, muitas por asfixia, como tragicamente ocorreu nestes últimos dias em Manaus.
Nem o Parlamento do líder astuto e nada “maya” (no autêntico sentido indígena), nem os recentes presidentes do Supremo (“we don’t trust!”), conseguem encontrar sinais de crime. Curioso, parece que é mais fácil caçar pedaladas; mas aquelas, urge esclarecer, que a turma tucana da Lava Jato curitibana mirava. Teremos que cruzar a barreira de quantas centenas de milhares de mortos para que este governo seja responsabilizado pela necropolítica em curso? Foi exatamente para tentar salvar a própria pele (e de sua malta) que o coiso se encontra entrelaçado e atolado, de corpo e alma, com o pantanoso centrão, que gruda e adere na mesma intensidade em que puxa o tapete. Se a fauna desta ficção já não fosse tão ilustrativa, podemos finalizar com o exemplo do canibal. Aquela variante que acha que trabalhadora doméstica não pode viajar, que funcionário público é parasita e que, sem eira nem beira, tal qual um biruta tresloucado, tagarela que daqui para frente, tudo vai ser diferente. Isto porque, no “moderno” cenário indigente do trabalho intermitente, quem trabalha, recebe. E quem não encontra emprego, foi-se... Justo ele, pura criatura do universo parasitário. A pergunta que não quer calar é: até quando teremos que esperar para que finalmente se concretize a metamorfose do mito em mico? Os bichos de Orwell devem estar pensando: estamos defronte de uma geração desconhecida de bilontra. E explicam: deles, até a peste se afugenta.

PAINEL - *”Pazuello perde título de especialista em logística e ganha status de para-choque de Bolsonaro”*: Criticado por sucessivos erros na condução da pandemia nos últimos dias, Eduardo Pazuello (Saúde) tem sido visto como um para-choque de Jair Bolsonaro no Palácio do Planalto. Para auxiliares do presidente, o ministro foi para a linha de frente em um dos momentos de maior cobrança por ações do governo federal. O general deu três entrevistas coletivas em menos de 24 horas, enquanto Bolsonaro sumiu por um período das redes sociais e falou apenas algumas palavras com apoiadores. Como escudo, Pazuello mentiu, distorceu dados, fez promessas que se desmanchavam horas depois e evidenciou as falhas do governo. Apesar do desgaste reconhecido no próprio Palácio do Planalto, no fim da tarde desta segunda (18) uma troca estava descartada, nas palavras de auxiliares de Bolsonaro. Políticos observaram uma mudança de comportamento na dinâmica. Na semana passada, o general chegou a dizer que preferia não falar com a imprensa e que essa responsabilidade era de seu secretário-executivo. Justificou que, se o auxiliar erra alguma informação, o chefe ainda pode corrigir. Auxiliares afirmam que Bolsonaro tem dito em reuniões que acredita que haverá uma redução em sua popularidade em pesquisas no início deste ano, a que ele atribui ao fim do auxílio emergencial e não tanto à condução da pandemia ou falta de vacina no Brasil.

PAINEL - *”Sem autorização da Anvisa, futuro de 10 milhões de vacinas Sputnik V no Brasil é incerto”*
PAINEL - *”Mesmo após oficialização de apoio a Baleia Rossi, Solidariedade tem deputados ao lado de Arthur Lira”*

PAINEL - *”Moraes pede à FGV que entregue estudo que aponta bolsonaristas como divulgadores de informações falsas nas eleições”*: O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, solicitou no inquérito de fake news à FGV um estudo feito sobre os principais divulgadores de informações falsas sobre fraude eleitoral em 2020. Como mostrou o Painel, Eduardo Bolsonaro e outros parlamentares são citados no monitoramento.

*”Bolsonaro condiciona democracia a militares em meio a pressão após derrota da vacina”* - A derrota do governo Jair Bolsonaro (sem partido) na queda de braço pelo início da vacinação contra a Covid-19 aumentou o apoio de militares da atual gestão para que o ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, se afaste do comando da pasta responsável pelo combate à pandemia. Para integrantes das Forças Armadas de alta patente, a vitória do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), que conseguiu sair na frente do presidente na imunização, vinculou ao general da ativa uma imagem de negligência com a saúde da população, colocando em risco a aprovação das Forças Armadas. Em meio a essa queda de braço, Bolsonaro voltou a acenar para sua base ideológica, como em outros momentos de desgaste do governo, ao dizer nesta segunda-feira (18) que “quem decide se um povo vai viver na democracia ou na ditadura são as suas Forças Armadas”. "Por que sucatearam as Forças Armadas ao longo de 20 anos? Porque nós, militares, somos o último obstáculo para o socialismo. Quem decide se um povo vai viver na democracia ou na ditadura são as suas Forças Armadas. Não tem ditadura onde as Forças Armadas não apoiam", disse. Em momentos de pressão, como a derrota em relação à vacina, o presidente costuma radicalizar o discurso na tentativa de fidelizar a sua base de apoio mais radical. A frase sobre as Forças Armadas já havia sido usada por Bolsonaro no início de seu mandato, em março de 2019.
“A missão será cumprida ao lado das pessoas de bem do nosso Brasil, daqueles que amam a pátria, daqueles que respeitam a família, daqueles que querem aproximação com países que têm ideologia semelhante à nossa, daqueles que amam a democracia. E isso, democracia e liberdade, só existe quando a sua respectiva Força Armada assim o quer”, afirmou naquele ano, durante um evento no Rio de Janeiro. Em maio do ano passado, o presidente retomou o tema ao declarar: “Nós temos o povo ao nosso lado, nós temos as Forças Armadas ao lado do povo, pela lei, pela ordem, pela democracia, e pela liberdade”. Um mês depois, durante o velório de um paraquedista do Exército, Bolsonaro disse que “a nossa missão, a missão das Forças Armadas, é defender a pátria, é defender a democracia”.​ O diagnóstico feito à Folha, em caráter reservado, por militares de alta patente é o de que, ao ter começado a encampar, desde o final do ano passado, o discurso negacionista do presidente, Pazuello compromete a postura institucional de independência do Exército. A avaliação no Exército e de militares que integram o Executivo é que o ministro resolveria a questão passando para a reserva, como os demais militares do primeiro escalão da gestão federal. Ele, assim, teria mais liberdade para defender posições políticas.
Desde o ano passado, quando era pressionado por não conseguir conter o crescente número de infectados e mortos com a Covid-19, no entanto, Pazuello tem resistido a essa alternativa e, de acordo com assessores do presidente, já disse que prefere deixar o governo a passar para a reserva. A postura resoluta tem feito com que parte do núcleo verde-oliva considere que a única alternativa se tornou realmente a saída de Pazuello da pasta. O desgaste na imagem do ministro também levou integrantes do centrão a retomarem pressão para uma mudança no comando da Saúde. O bloco de partidos aliado ao governo tem interesse na chefia da pasta. Com o aumento da insatisfação, Bolsonaro realizou uma reunião de emergência com Pazuello na tarde desta segunda-feira (18). No encontro, que teve a participação de outros generais do governo, ele disse que, por enquanto, não pretende mudar o comando da Saúde.
O presidente, no entanto, pontuou que Pazuello precisa melhorar a comunicação das iniciativas da Saúde, dando mais destaque a medidas adotadas pelas Forças Armadas, um dos motivos que tem causado mal-estar entre generais da ativa. A avaliação, sobretudo no Ministério da Defesa, é que o ministro precisa fazer uma defesa mais enfática das operações militares no transporte de insumos a cidades em situação de emergência por causa da doença. O último mal-estar ocorreu na crise recente em Manaus. No dia 8, o Ministério da Defesa iniciou operação de transporte de cilindros de oxigênio para o estado do Amazonas. No dia 11, Pazuello visitou Manaus e, na opinião de militares do governo, não deu o devido destaque à operação iniciada quatro dias antes. Para tentar melhorar a imagem do ministro, segundo assessores presidenciais, Bolsonaro escalou o ministro das Comunicações, Fábio Faria, para que ele ajude a equipe da pasta a elaborar um novo plano de mídia. O primeiro passo da mudança foi a convocação de uma entrevista do ministro logo após a reunião no Palácio do Planalto. No início de seu discurso, Pazuello fez questão de citar iniciativas realizadas com o apoio das Forças Armadas, justamente na tentativa de agradar o comando militar.
Desde o ano passado, quando era pressionado por não conseguir conter o crescente número de infectados e mortos com a Covid-19, no entanto, Pazuello tem resistido a essa alternativa e, de acordo com assessores do presidente, já disse que prefere deixar o governo a passar para a reserva. A postura resoluta tem feito com que parte do núcleo verde-oliva considere que a única alternativa se tornou realmente a saída de Pazuello da pasta. O desgaste na imagem do ministro também levou integrantes do centrão a retomarem pressão para uma mudança no comando da Saúde. O bloco de partidos aliado ao governo tem interesse na chefia da pasta. Com o aumento da insatisfação, Bolsonaro realizou uma reunião de emergência com Pazuello na tarde desta segunda-feira (18). No encontro, que teve a participação de outros generais do governo, ele disse que, por enquanto, não pretende mudar o comando da Saúde.
O presidente, no entanto, pontuou que Pazuello precisa melhorar a comunicação das iniciativas da Saúde, dando mais destaque a medidas adotadas pelas Forças Armadas, um dos motivos que tem causado mal-estar entre generais da ativa. A avaliação, sobretudo no Ministério da Defesa, é que o ministro precisa fazer uma defesa mais enfática das operações militares no transporte de insumos a cidades em situação de emergência por causa da doença. O último mal-estar ocorreu na crise recente em Manaus. No dia 8, o Ministério da Defesa iniciou operação de transporte de cilindros de oxigênio para o estado do Amazonas. No dia 11, Pazuello visitou Manaus e, na opinião de militares do governo, não deu o devido destaque à operação iniciada quatro dias antes. Para tentar melhorar a imagem do ministro, segundo assessores presidenciais, Bolsonaro escalou o ministro das Comunicações, Fábio Faria, para que ele ajude a equipe da pasta a elaborar um novo plano de mídia. O primeiro passo da mudança foi a convocação de uma entrevista do ministro logo após a reunião no Palácio do Planalto. No início de seu discurso, Pazuello fez questão de citar iniciativas realizadas com o apoio das Forças Armadas, justamente na tentativa de agradar o comando militar. Outro episódio no último domingo gerou mais desgaste na imagem de Pazuello. A PGR (Procuradoria-Geral da República) deu 15 dias para o ministro explicar por que não agiu para garantir o fornecimento de oxigênio aos hospitais de Manaus. O pedido foi feito com base em reportagem publicada pela Folha no último sábado (16).
Auxiliares civis do presidente e parlamentares do centrão não acreditam em uma troca de ministro agora. Eles ponderam que os militares sempre reclamam, mas que Bolsonaro gosta do perfil "cumpridor de ordens" exibido por Pazuello. Em entrevista no domingo, Pazuello mentiu ao afirmar que o governo federal tinha em mãos vacinas do Butantan e da AstraZeneca, e criticou Doria pelo início da vacinação no estado de São Paulo. Além disso, apesar da pressão de alguns integrantes do centrão, a cúpula do bloco diz ser preferível assumir a pasta depois que o desgaste com o início da campanha de imunização tenha sido superado. Para o comando do grupo de partidos, é mais viável que a troca seja efetuada durante a reforma ministerial aguardada para fevereiro. Além de Pazuello, Bolsonaro avalia outras mudanças em sua equipe ministerial após a eleição para a presidência da Câmara dos Deputados. São discutidas alterações em pastas como Turismo, Educação, Minas e Energia e a Secretaria de Governo. Para o lugar do ministro Onyx Lorenzoni, por exemplo, que hoje comanda a Cidadania, a ideia é nomear um indicado do Republicanos, partido ao qual se filiaram dois filhos do presidente: o senador Flávio Bolsonaro (RJ) e o vereador Carlos Bolsonaro, do Rio de Janeiro.​
+++ A narrativa de Bolsonaro faz parecer que as Forças Armadas são suas aliadas políticas, que compartilham de sua ideologia e objetivos. Ao falar que são as FFAA que decidem se um povo vivem em uma ditadura ou democracia ele infla o poder destas corporações, provavelmente inflando o ego de muitos militares. Cabe mencionar que “democracia” é uma palavra difícil que tem pouco significado para a maior parte da sociedade brasileira que não é organizada.

*”Veto à 'chinesa', 'dia D', 'vacina do Brasil'; veja vaivém de Bolsonaro e Pazuello na imunização contra Covid”*
*”Com aprovação de vacina, Bolsonaro cai e Doria cresce em popularidade digital”*
JOEL PINHEIRO DA FONSECA - *”A Necrochanchada”*

*”Nova ofensiva pró-impeachment de Bolsonaro inclui Haddad, Amoêdo, Vem Pra Rua e MBL”* - Opositores do governo Jair Bolsonaro (sem partido) intensificaram campanhas pelo impeachment do presidente e afirmam que a mobilização social ganhou corpo nos últimos dias, impulsionada pelo colapso da saúde em Manaus e pela reação negativa em relação ao início da vacinação no país. Movimentos como o Vem Pra Rua e o MBL (Movimento Brasil Livre), que encabeçaram as manifestações pelo impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), agora exercem pressão pela saída de Bolsonaro. Nomes da política à direita e à esquerda, como João Amoêdo (Novo) e Fernando Haddad (PT), também aderiram à campanha pelo impeachment nas redes sociais. Em entrevista à Folha publicada nesta segunda (18), o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal Ayres Britto defendeu o afastamento de Bolsonaro. Juristas e ativistas ouvidos pela reportagem admitem a dificuldade de mobilização pelo impeachment em meio ao distanciamento social imposto pela pandemia, mas veem possibilidade de que, ainda assim, haja movimentação suficiente na sociedade civil para deflagrar o processo.
Outro empecilho é o alinhamento dos deputados do centrão a Bolsonaro, suficiente para barrar o impeachment na Câmara. Nesse sentido, a avaliação dos opositores é a de que o grupo não manterá a fidelidade ao presidente caso o barco esteja afundando. Apesar do desgaste, ainda há chances de que Bolsonaro mantenha sustentação no Congresso. O candidato do presidente ao comando do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), já tem maioria virtual para ser eleito.
O aliado de Bolsonaro para a Câmara, Arthur Lira (PP-AL), disputa votos com Baleia Rossi (MDB-SP), que, apesar de representar a oposição, não se comprometeu a pautar o impeachment. Para mudar esse quadro, o Vem Pra Rua inaugurou o site “adeus Bolsonaro” com um placar do impeachment entre deputados e senadores –a ideia é disponibilizar uma ferramenta para que a população cobre posicionamento dos parlamentares. O placar conta com 102 deputados a favor do impeachment, 29 contra e 382 indefinidos. São necessários 342 votos para que o processo passe pela Câmara. O líder nacional do Vem Pra Rua, Rogério Chequer, diz que o sentimento na sociedade passou de descontentamento para revolta com Bolsonaro. “A incompetência do governo federal em adquirir vacinas, que ficou patente nas últimas semanas, com a consequência de mais mortes, sofrimento e danos para a economia, agravou a situação de um governo que já vinha andando fora da linha em termos de Estado democrático de Direito”, diz. “A revolta aumentou ao ponto de o Brasil não aguentar mais Jair Bolsonaro. Todo mundo, fora os radicais de direita, percebeu que a continuação disso signific a mais desemprego, economia fraca e morte”, completa Chequer. Na esteira do panelaço visto em diversas capitais do país na sexta-feira (15), o grupo marcou um novo panelaço para sexta (22) e uma carreata para domingo (24) com o mote “fora, Bolsonaro”. O MBL também vai aderir ao ato.
No domingo (17), houve protesto de pequenos grupos a favor do impeachment em frente ao Masp e na Praça dos Três Poderes, em Brasília. “Há crescentes indicações de que há uma grande maioria já disposta a não continuar com Bolsonaro”, diz Chequer, mencionando que o Vem Pra Rua bateu recorde de engajamento nesta segunda. “Quem acompanhava a política já tinha ideia de que o governo Bolsonaro não era o que tinha prometido, mas a grande população só foi perceber isso agora”, afirma a ativista Adelaide Oliveira, que hoje atua no MBL e não mais no Vem Pra Rua. O MBL prepara ações pelo impeachment nas redes sociais e tem um grupo de advogados estudando possíveis bases jurídicas para o afastamento. "Bolsonaro está cada vez mais isolado. Já temos mais de cem deputados a favor do impeachment. Acho que o processo vai ser num espaço de tempo curto, não vai ser longo e traumático como foi o de Dilma", afirma Adelaide. Chequer e Adelaide dividem a avaliação de que há clima para levar o impeachment a cabo, mas admitem que a mobilização em meio ao distanciamento social exige criatividade. Com a vacinação, ele diz, “os protestos de rua podem começar a ser enxergados no horizonte”. Os dois ativistas afirmam que o principal crime de responsabilidade de Bolsonaro se deu na condução da pandemia, que deixou mais de 200 mil mortos no país.
Líderes de movimentos e grupos de oposição, formados por artistas e juristas, afirmam que o tema impeachment voltou à pauta. A hashtag “impeachment Bolsonaro urgente” esteve entre os assuntos principais do Twitter na sexta e foi replicada por políticos. Presidenciável do Novo, Amoêdo foi um dos que aderiu à campanha nas redes. “Nenhum país do mundo merece ter um presidente que, no meio de uma pandemia, não comemora o início da vacinação da população”, tuitou em uma das mais de 15 vezes em que usou a hashtag. Ainda no campo da direita, ex-bolsonaristas também pediram nas redes o impeachment do presidente, como os deputados Joice Hasselmann (PSL-SP) e Alexandre Frota (PSDB-SP). O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), também foi alvo de pressão para dar andamento a um dos mais de 60 pedidos de impeachment que estão em sua gaveta.
Na sexta, Maia subiu o tom ao dizer que o tema do impeachment, “de forma inevitável, certamente será debatido no futuro”. Depois, voltou a afirmar que não é o momento de lidar com um processo de impedimento, e sim com a pandemia. O presidente da Câmara almoçou e deu declarações à imprensa, na sexta, ao lado do governador João Doria (PSDB), que tem sido uma das principais vozes contra Bolsonaro. Doria chegou a pedir uma “reação” do Congresso ao governo federal e conclamou a população a se manifestar com panelaços, mas evitou usar a palavra impeachment. Na esquerda, o impeachment foi defendido nos últimos dias por nomes como Ciro Gomes (PDT), Marcelo Freixo (PSOL), Guilherme Boulos (PSOL), além de Haddad. O petista passou a divulgar o placar no impeachment nas redes e compartilhou o endereço de email dos deputados que ainda não se posicionaram. "Sem impeachment, haverá muito mais mortes. [...] Cada dia importa! O Congresso precisa se reunir já!", tuitou Haddad.
Na sociedade civil, surgiram novas iniciativas pela saída de Bolsonaro. O grupo 342Artes levou uma representação ao procurador-geral da República, Augusto Aras, pedindo que o presidente seja investigado por crime comum por ter boicotado a vacinação no país. A representação conta com mais de 12 mil assinaturas –entre elas a dos advogados Antonio Claudio Mariz de Oliveira, José Carlos Dias e Celso Antônio Bandeira de Mello. A iniciativa é abraçada ainda por Paula Lavigne, Marieta Severo, Milton Hatoum e Paulo Sergio Pinheiro. Defendendo a tese de que Bolsonaro praticou crimes de responsabilidade, um grupo de ex-alunos brasileiros de Harvard divulgou uma declaração em que defendem o afastamento urgente do presidente. “Jair Bolsonaro vem reiteradamente abusando dos poderes inerentes ao cargo de presidente da República e comete atos atentatórios contra a Constituição Federal em prejuízo da saúde da população brasileira, da institucionalidade dos poderes constituídos e do bem-estar social e econômico do país”, diz o texto assinado pelo professor da FGV Joaquim Falcão e outros 13 colegas. O grupo aponta, entre os crimes de responsabilidade de Bolsonaro, a "violação patente ao direito à saúde da população" e "o flagrante abuso de poder político ao utilizar a visibilidade e o prestígio inerentes ao cargo para desacreditar recomendações sanitárias consensuais, potencializando a disseminação da pandemia". ​ Por fim, ex-alunos da Faculdade de Direito da USP também divulgaram uma carta pelo impeachment –o principal motivo apontado é a conduta do presidente na pandemia.
O advogado Marco Aurélio de Carvalho, do grupo Prerrogativas, afirma que, na comunidade jurídica, já havia um entendimento de que diversas ações de Bolsonaro configuram crime de responsabilidade. Em maio, operadores do direito lançaram o manifesto “Basta!” contra o presidente. “O tema do impeachment esquentou bastante. Vários setores antes omissos e silentes resolveram subir o tom. A indignação é geral. Na comunidade jurídica, o gatilho de que Bolsonaro pode fazer muito mais mal do que se havia imaginado já tinha sido disparado”, afirma. O advogado afirma que há uma série de crimes já praticados por Bolsonaro, sendo o mais grave "ter colaborado com ações e omissões para a crise sanitária". Carvalho diz ver indicativos de que a tese do impeachment começa a ganhar força na sociedade, como a redução do índice de popularidade de Bolsonaro e a retração de seu exército digital. “Está começando a se formar a tempestade perfeita. É preciso um pouco mais de volume de pressão popular”, afirma o advogado, admitindo que a pandemia dificulta esse aspecto.

*”Denúncia bloqueia bens de irmão de Baleia Rossi e cita entrega de R$ 1 milhão em dinheiro vivo”*
*”Este assunto não deve ser politizado, diz Lira sobre acusações de agressão feitas por ex-mulher”*
*”Em meio a repique da pandemia, Câmara decide que eleição com 513 deputados será presencial”*

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*”Com Biden, governo Bolsonaro tenta demonstrar força na Amazônia, mas terá menos presença militar”* - A eleição do democrata Joe Biden para a Presidência dos EUA fez o governo de Jair Bolsonaro adotar o discurso de ocupação militar da Amazônia como demonstração de força a outros países. A estratégia, porém, pode ficar só na retórica: o governo brasileiro deve ter uma menor presença de militares na região nos próximos dois anos. A posição sobre mostrar ao mundo que a Amazônia não está abandonada foi externada pelo ministro da Defesa, general Fernando Azevedo e Silva. Em um ofício enviado em 9 de dezembro à Câmara dos Deputados, para explicar a maior operação de simulação de guerra já realizada na região, em 2020, o ministro defendeu a estratégia. “As operações militares realizadas na Amazônia evidenciam ao mundo que o Brasil tem se preocupado em estar presente nessa estratégica porção do território nacional”, disse o titular da Defesa, pasta à qual estão ligados Exército, Aeronáutica e Marinha. Naquele momento, Biden já havia sido eleito presidente dos EUA. Cinco dias depois, o Colégio Eleitoral confirmou a vitória do democrata na disputa presidencial norte-americana.
A posição do ministro da Defesa pode não encontrar eco na realidade. A Folha apurou que duas das principais frentes de ocupação militar de espaços amazônicos devem refluir em 2021 e em 2022. A Vice-Presidência da República informou à reportagem que a militarização da fiscalização de crimes ambientais na Amazônia não deve ser prorrogada, o que significa que ela deve ser encerrada em 30 de abril deste ano. O vice-presidente, general Hamilton Mourão, preside o Conselho Nacional da Amazônia Legal, que é responsável pela execução da GLO (garantia da lei e ordem) decretada para a região amazônica. Por meio dessa GLO, os militares passaram a empreender as Operações Verde Brasil 1 e 2. A primeira envolveu um efetivo de 9.700 militares e custou R$ 124,4 milhões. A segunda está em curso e se encerra em 30 de abril. Emprega 3.000 militares.
A Verde Brasil é uma tentativa de resposta do governo à escalada dos índices de desmatamento, queimadas e exploração de garimpo e madeira ilegais na Amazônia. Na prática, os militares escantearam a atuação de fiscais do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis). Segundo a assessoria de Mourão, não há estudos para a renovação da GLO e a operação deve chegar ao fim em abril. O motivo, segundo a assessoria, são “limitações fiscais e orçamentárias”. O Ministério da Defesa também não deve voltar a repetir operações de simulação de guerra com a dimensão do treinamento feito em setembro de 2020 —que recebeu o nome de Operação Amazônia. “No tocante a uma comparação com a Operação Amazônia, não há previsão de exercícios desse vulto para os próximos dois anos”, afirmou a assessoria do ministério à Folha, com informações fornecidas pelo Exército. Em setembro, o Exército mobilizou 3.600 militares para simular uma guerra entre dois países, o Vermelho e o Azul. O primeiro invadiu o segundo, na simulação. A operação durou 15 dias, contou com a participação de militares de postos do Exército do país inteiro e empregou viaturas, aviões, helicópteros e balsas. Na simulação de guerra, houve lançamento de foguetes do sistema Astros do Exército, uma das apostas da Força em investimentos em armamento.
A operação de treinamento no Amazonas ocorreu no mesmo momento em que o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, visitava Roraima, região de fronteira com a Venezuela. Ele é um dos principais nomes do governo de Donald Trump. O chanceler brasileiro, Ernesto Araújo, acompanhou Pompeo na visita, que foi duramente criticada. Biden assume a Presidência dos EUA nesta quarta-feira (20). Ele é crítico da destruição da Amazônia e levou o assunto para sua campanha. O então candidato afirmou que “a floresta tropical no Brasil está sendo destruída” e disse que se juntaria a outros países, se eleito, para oferecer US$ 20 bilhões à preservação do bioma. “Parem de destruir a floresta e, se não fizer isso, você terá consequências econômicas significativas”, afirmou na campanha. Bolsonaro criticou a postura de Biden, que chamou de “lamentável”. O presidente brasileiro seguiu se colocando em posição oposta à do democrata. Bolsonaro se mantém ao lado de Trump mesmo após a invasão do Capitólio, em Washington, por estímulo do republicano. O brasileiro foi um dos últimos a reconhecer a vitória do democrata e reproduz o discurso falso de fraude nas eleições nos EUA.
Em novembro, numa referência às críticas de Biden à política para a Amazônia, Bolsonaro chegou a dizer que “quando acaba a saliva, tem de ter pólvora”. A suposta ameaça de conflito bélico com os EUA virou motivo de piada. E de contrariedade nas cúpulas militares. O ministro da Defesa, no ofício que enviou à Câmara, a partir de um pedido de explicações por deputados do PT, disse que não há hipótese de conflito entre o Brasil e qualquer país da América do Sul, nem “ameaça de invasão do território nacional” ou “sinais de mobilização iminente de efetivos”. “As Forças Armadas devem se manter em permanente estado de prontidão para manter a inviolabilidade do território nacional”, afirmou. Os Comandos Militares da Amazônia e do Norte, do Exército, têm um efetivo de 29 mil pessoas. Os números têm se mantido constantes. A Aeronáutica tem um efetivo de 26 mil militares na região amazônia. Já o efetivo da Marinha é de 6.300, o maior nos últimos três anos. “A instalação de diversas unidades na fronteira e nos mais distantes rincões da Amazônia garante a presença brasileira e a soberania nacional, muitas vezes representando a única presença do Estado”, disse, em nota, o Ministério da Defesa.

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*”Retomada perde ritmo e atividade econômica cresce 0,59% em novembro, diz BC”* - A atividade econômica cresceu 0,59% em novembro, segundo o indicador IBC-Br do BC (Banco Central) divulgado nesta segunda-feira (18), em ritmo menor do que o observado nos meses anteriores. É a menor variação desde maio, quando a economia começou a se restabelecer depois do tombo causado pela pandemia da Covid-19. Embora a recuperação da economia tenha perdido força, o índice veio acima do projetado pelo mercado. Economistas ouvidos pela Bloomberg esperavam alta de 0,50%. Em outubro, a retomada começou a perder tração e o índice teve alta de 0,86%, segundo informado pelo BC na época. A série, no entanto, foi revisada e a variação do mês passou para 0,75%. Em novembro, o crescimento foi ainda menor. No acumulado dos últimos 12 meses, houve queda de 4,15%. No ano, a retração foi de 4,63%. No trimestre terminado em novembro, a economia cresceu 4,36%. Após o início da pandemia, o fechamento dos comércios e o isolamento social afetaram a economia. Com a reabertura e flexibilização do distanciamento, a atividade segue em recuperação, observada desde maio, mas ainda não foi suficiente para alcançar os patamares registrados antes da crise.
O número mensal foi calculado com ajuste sazonal (que remove particularidades do período, como número de dias úteis) para facilitar a comparação com outros meses. Em março, quando o vírus chegou ao país, houve redução de 5,90% no setor produtivo, já sob efeito do isolamento social. Com a população em casa, o consumo diminuiu em diversos setores, como transporte e hospedagem, e a atividade econômica despencou. O pior resultado foi registrado em abril, quando a economia caiu 9,73%, nível mais baixo desde outubro de 2006 e maior queda entre um mês e outro em toda a série histórica, iniciada em 2003. Maio já trouxe resultado positivo em relação a abril, de 1,3%, mas ficou aquém das expectativas do mercado, que eram de 4,5%. O IBC-Br mede a atividade econômica do país e é divulgado desde março de 2010. Ele foi criado para auxiliar em decisões de política monetária, já que não existe outro dado mensal de desempenho do setor produtivo. O indicador do BC leva em conta o desempenho dos principais setores da economia: indústria, agropecuária e serviços.
+++ Efeito instantâneo do fim do auxílio emergencial, a retomada econômica perdeu força. O governo conseguiu blindar sua narrativa durante boa parte da pandemia, mas nesse momento o confronto construído entre Economia X salvar vidas fica fragilizado. Vai ganhando força outra lógica, a de que salvar vidas é fundamental para salvar a economia. Não há crescimento e estabilidade com milhares de mortes.

*”Presidente do BB fica no cargo, mantém enxugamento e reacende debate sobre privatização”* - Ameaçado de demissão pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na última semana, o presidente do Banco do Brasil, André Brandão, permanecerá no cargo, de acordo com membros do governo. Foco do atrito com o Planalto, a reestruturação do banco será mantida, sem mudanças no plano de demissão voluntária —que continua disponível no sistema interno dos funcionários. A principal justificativa para a manutenção do programa é que ele traz incentivos e tem adesão voluntária. Ajustes devem ser feitos apenas na parte do pacote que prevê o fechamento de agências. Segundo relatos, é possível que haja uma revisão de parte das unidades que seriam fechadas, com substituição por outras. Auxiliares do ministro Paulo Guedes (Economia) afirmam que o desfecho do caso é um sinal positivo para uma eventual privatização do banco, plano desejado pela equipe econômica, mas que sofre com resistência do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). A avaliação é que manter o BB competitivo, rentável, com as contas ajustadas e sem interferência política pode abrir caminho para uma oportunidade de venda da instituição no futuro.
A revisão das agências que serão fechadas para se manter o atendimento bancário em pequenos municípios é uma atitude que membros do governo esperam dos administradores do banco e é citada, inclusive, como uma medida de bom-senso. Isso porque fechar postos de atendimento em cidades menores é um tipo de iniciativa que gera críticas de prefeitos e estimula reações de parlamentares. Tanto o Planalto como a equipe econômica vêm sendo cobrados. O momento é delicado porque Câmara e Senado estão em campanha eleitoral para a escolha de suas respectivas presidências. Na Câmara, o Planalto decidiu apoiar o candidato Arthur Lira (PP-AL) em uma disputa que segue indefinida. Também é mencionada uma necessidade de se aprimorar a comunicação entre o banco e o governo em propostas que podem soar como sensíveis, mas que têm fundamentação técnica para a empresa. De qualquer forma, mesmo com uma eventual reanálise, a essência do plano de enxugamento não deve sofrer grandes alterações.
Nos planos do Ministério da Economia para uma privatização do BB, o time de Guedes defende que as políticas de governo no setor bancário tenham como foco a Caixa Econômica Federal, com microcrédito, pagamento de benefícios, auxílios e outros serviços, e o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para operações mais estruturadas e de longo prazo. Membros da pasta afirmam que o país é bem servido pelas instituições de varejo do setor privado, e registra um forte crescimento da abrangência dos bancos digitais. A privatização do BB é defendida por Guedes, enquanto Bolsonaro não quer ver o assunto discutido em seu mandato. Em reunião no Palácio do Planalto em maio de 2020, o ministro reiterou sua posição pela venda. "BNDES e Caixa, que são nossos, públicos, a gente faz o que quer. Banco do Brasil a gente não consegue fazer nada e tem um liberal lá. Então tem que vender essa porra logo", afirmou Guedes em reunião ministerial do dia 22 de abril. A fala está em vídeo gravado pelo Planalto e tornado público pelo STF (Supremo Tribunal Federal). O então presidente do Banco do Brasil, Rubem Novaes, defendeu no encontro a venda do banco. Mas Bolsonaro vetou o assunto. "Isso aí só se discute, só se fala isso em 2023, tá?", disse o presidente da República.
O processo de fritura do presidente do BB começou na semana passada, após a divulgação do plano de enxugamento. A cúpula do banco já via necessidade de mudanças na estrutura, mas o desenvolvimento do programa de reestruturação só foi adiante após a posse de Brandão. O programa de demissão voluntária pode levar à saída de até 5 mil funcionários. Mas o fechamento de agências, que gerou insatisfação entre parlamentares e suas bases políticas, foi tratado como o estopim para a irritação do presidente. Membros do governo afirmam que o anúncio veio em momento ruim porque poderia atrapalhar as negociações para a eleição do comando do Congresso. Além disso, argumentam que o país passa por uma alta nas taxas de desemprego e que o programa de enxugamento poderia se tornar mais uma pauta negativa para o governo. Bolsonaro chegou a determinar a demissão de Brandão, mas foi convencido a recuar por Guedes e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.

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*”Falta de insumo da China ameaça vacinas do Butantan e da Fiocruz”* - Depois da festa da aprovação das vacinas, a ressaca da realidade cobra seu preço no Instituto Butantan e na Fundação Oswaldo Cruz. O centros de imunizantes contra Covid-19 do Brasil estão em alerta pelo represamento de insumos para os fármacos promovido pelo governo da China. Em São Paulo, o estoque de IFA (Ingrediente Farmacêutico Ativo), o princípio ativo da chinesa Coronavac, só permitirá a formulação e o envase até o fim de janeiro. No Rio de Janeiro, a situação é pior em relação à vacina da britânica AstraZeneca/Universidade de Oxford: a entrega do produto nem começou, apesar de ser esperada desde o final do ano passado. São Paulo começou sua vacinação com a Coronavac na tarde de domingo (17), logo após a aprovação dos fármacos. Pressionado, o Ministério da Saúde adiantou o início, ainda que simbólico, da distribuição nacional para esta segunda. No Butantan, há hoje as 6 milhões de doses que foram distribuídas no domingo, entre seringas prontas vindas da China e ampolas com a vacina formulada e envasada no órgão. Além disso, há insumos que totalizam mais 4,8 milhões de doses até 31 de janeiro. Depois disso, sem reposição, é seca. A última remessa de insumos que chegou ao país foi na virada do ano.
Ao todo, o contrato de quase R$ 500 milhões entre São Paulo e a Sinovac, fabricante da vacina, prevê 46 milhões de doses até abril, com opção a negociar para mais 15 milhões, e a transferência de tecnologia para a fabricação do IFA no Brasil. Pelo acertado, mais 11 mil litros do IFA chegariam ao Brasil neste mês. Isso é suficiente para algo mais que 18,3 milhões de doses formuladas aqui, mas a carga está parada no aeroporto de Pequim. A negociação para liberá-la envolve diplomatas e o escritório de São Paulo em Xangai, e a expectativa agora é de que ela seja ao menos dividida em dois para acelerar os trâmites. Na Fiocruz, a situação é desalentadora. A fundação também tem um contrato, para a aquisição de 100,4 milhões de doses e com transferência de tecnologia do IFA, da vacina de Oxford. O governo federal se comprometeu a pagar R$ 1,9 bilhão. A primeira carga de insumos para 1 milhão de doses da fabricante WuXi era esperada para dezembro e, depois, 12 de janeiro. Não chegou. A responsabilidade pela encomenda é da AstraZeneca. Procurada, a farmacêutica informou que está "trabalhando para liberar os lotes planejados de IFA o mais rápido possível". Contratualmente, metade das 100,4 milhões de doses deveria chegar ao país até abril e o resto até junho, para garantir vacinação até a produção nacional começar.
Como no caso do Butantan, a independência de produzir vacinas do zero localmente em tese resolveria o problema. Ambos os institutos preveem que isso ocorrerá a partir de meados do ano. Por questões diplomáticas, já que a embaixada do Brasil foi acionada em Pequim para tentar entender quais as razões para a retenção das cargas, nenhum dos institutos científicos comenta os detalhes sobre o assunto. Há um agravante: o governo Jair Bolsonaro se notabilizou por ampliar o antagonismo com a China, com episódios seguidos de atritos com o país asiático. "Se o presidente e seus filhos pararem de falar mal da China, isso já ajuda muito", disse o governador João Doria (PSDB-SP), patrono da Coronavac no país.
Dimas Covas, diretor do Butantan, afirmou em entrevista coletiva nesta segunda (18) apenas que o problema existe e que ele espera uma resolução do governo chinês "o mais rapidamente possível". A Folha procurou a Embaixada da China para comentar o assunto, mas ainda não recebeu resposta. E conversou com pessoas familiarizadas com o problema. Ainda não há uma explicação clara, mas as suposições recaem sobre pressões nacionalistas na China acerca da vacina, não muito diferentes daquelas que tornaram a operação de trazer 2 milhões de doses prontas da vacina de Oxford da Índia pelo governo Jair Bolsonaro um vexame. Pequim, apesar de já ter vacinado 10 milhões de pessoas com três imunizantes autorizados para uso emergencial desde julho passado, incluindo a Coronavac, tem uma população enorme. Assim, apesar do sucesso maior no controle da pandemia que surgiu em seu território na virada de 2019 para 2020, os chineses vacinaram 0,7% de seus habitantes. No seu maior rival geopolítico, os EUA, 4,3% dos moradores receberam algum imunizante desde 14 de dezembro. A pressão também vem pelo ressurgimento de focos da doença em províncias do norte do país asiático. Como no caso indiano, que lançou sua campanha de vacinação enquanto o governo Bolsonaro adesivava um avião para ir buscar doses que não estavam disponíveis, o argumento de proteção nacional primeiro pode falar mais alto.
A China fornece 35% e a Índia, 37% dos insumos farmacêuticos usados no Brasil, segundo a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). A escassez da vacina irá acentuar a discussão sobre a aplicação das doses, algo que já é discutido há duas semanas pelo governo paulista e foi aventado por Dimas Covas. Tanto Coronavac quanto Oxford necessitam duas doses, mas estudos recentes mostram que a eficácia do fármaco chinês é ainda maior se houver espaço maior do que os 14 dias previstos entre as aplicações —a Sinovac fala em 70% de cobertura, semelhante à da rival. Já a vacina de Oxford vai no mesmo caminho em sua campanha no Reino Unido. Outros países europeus já adotaram a tática para o imunizante da Pfizer. Maior espaço significa usar mais doses para mais pessoas, esticando prazos de entrega de novos lotes.

*”Doria cobra a China para a liberação de insumos para a Coronavac”*
*”Governo teme novo atraso com plano da Índia de priorizar vacinas para países vizinhos”*
*”Governo de SP anuncia pedido para uso emergencial de mais 4,8 milhões de doses da Coronavac e site para pré-cadastro de vacinados”*

*”Logística do governo federal falha, vacinação atrasa e 11 estados só começam campanha na terça”* - Após problemas na logística do governo federal no envio de vacinas aos estados, com alterações repentinas dos horários dos voos e atropelos na comunicação, pelo menos 19 estados que aguardavam a chegada de lotes da Coronavac na tarde desta segunda (18) ficaram sem receber as doses. Onze deles, a exemplo da Bahia, Amazonas e Rio Grande do Norte, tiveram que alterar o cronograma e só vão iniciar a imunização nesta terça-feira (19). O atropelo na operacionalização de entregas, conforme adiantado pelo Painel, provocou críticas de governadores e autoridades de saúde locais. O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, e governadores tinham acordado em antecipar a data de quarta (20) para terça (19). Mas, na manhã desta segunda, no evento em São Paulo no qual o ministro anunciou que os estados estavam liberados para começar a vacinação a partir das 17h do mesmo dia, equipes de governadores tiveram a impressão de improviso.
Os problemas foram grandes. Em alguns casos, autoridades estaduais já estavam aguardando nos aeroportos, quando foram surpreendidas pelas mudanças. "Todo mundo foi esperar no aeroporto, e nada. A previsão era meio-dia, depois mudou para 16h. Agora já deve ser 18h. Até que descarregue, não tem como iniciar hoje. Impossível. Só devo começar amanhã", disse o governador de Sergipe, Belivaldo Chagas (PSD), ao Painel. ​O governo fluminense esperava receber as 487 mil unidades que lhe foram destinadas pelo Ministério da Saúde por volta das 13h, quando o governador Cláudio Castro daria uma entrevista à imprensa no aeroporto Santos Dumont, mas o evento foi cancelado porque elas não chegaram. A vacina seria transportada por um avião da Azul do aeroporto de Guarulhos, a menos de uma hora de voo. Agora, só uma remessa deve chegar ainda na noite desta segunda e outra deve chegar durante a madrugada, como mostra uma planilha do governo federal. Segundo fontes do Palácio Guanabara, a União não deu explicações sobre o atraso. O estado decidiu viabilizar um helicóptero para levar apenas um lote simbólico e manter a cerimônia de início da imunização que estava marcada para as 17h no Cristo Redentor. O prefeito Eduardo Paes (DEM) afirmou mais cedo à imprensa que já tinha um caminhão pronto esperando as 231 mil doses da capital.
“Temos até um caminhão pronto. Ele poderia ter ido ontem à noite para São Paulo e já estaria aqui com a vacina a essa altura. Temos uma estrutura que é muito boa”, afirmou. Na Bahia, onde a previsão era de que as vacinas chegassem na manhã desta segunda, o governo do estado já havia preparado uma logística com sete aeronaves e 220 veículos para fazer a distribuição das doses para as cidades do interior do estado. “É incompreensível, ninguém tem informação oficial sobre o que aconteceu. Foi dormir no domingo com uma planilha de horários de voos, acordei já era outra e agora à tarde recebi uma terceira”, afirma o secretário de Saúde da Bahia, Fábio Vilas-Boas. A previsão, agora, é de que as vacinas cheguem às 22h na Bahia, o que obrigará o governo do estado a contratar voos noturnos para fazer a distribuição, gerando novos custos para o governo estadual. “A distribuição vai entrar pela madrugada”, diz o secretário. Com a mudança, a primeira dose da vacina será aplicada em Salvador apenas na manhã desta terça-feira (19). O ato acontecerá na sede das Obras Sociais Irmã Dulce, na Cidade Baixa.
​Em Minas Gerais, a chegada das vacinas estava prevista inicialmente para as 16h, mas passou para as 18h50. Com 21,2 milhões de habitantes na estimativa do IBGE, o estado receberá 577.480 doses da vacina nesta segunda-feira (18), para serem distribuídas para os 853 municípios. O governo calcula que 280 mil pessoas sejam vacinadas até o final de semana —elas devem receber as duas doses até fevereiro. "Combinamos com os governadores de acelerar todo o cronograma. O cronograma inicial era a logística hoje. Amanhã [terça] a logística dos estados para o município, e na quarta-feira o início. Os governadores solicitaram que assim que chegassem aos estados eles tivessem a liberdade de iniciar a vacinação", informou o ministro Pazuello. Embora os chefes dos Executivos estaduais tivessem pressionado para adiantar o cronograma para antes do dia 20, muitos demonstraram concordância com o início da vacinação a partir das 14h de terça (19), o que evitaria atrasos. A impressão que ficou entre equipes de alguns estados é de que Pazuello tirou da cartola o novo cronograma, mais apertado e sem preparação prévia. "Alguns estados podem iniciar um pouco depois, mas, aqueles que começam, começam às 17h", disse o ministro. No Rio Grande do Sul, o governador Eduardo Leite (PSDB) aguardava, inicialmente, as vacinas chegarem por via terrestre por volta das 16h. Porém, as doses acabaram embarcadas em um voo da Azul, que deve chegar à capital gaúcha só às 20h25. A solenidade da primeira vacinação deve ocorrer às 21h30 desta segunda-feira. No estado vizinho, Santa Catarina, as vacinas chegaram em um avião da FAB, por volta das 11h. A vacinação está marcada para as 17h.
Quem também recebeu pontualmente foi Goiás. “Nossas vacinas foram as primeiras a serem embarcadas e daqui a pouco já chegam em solo goiano”, comemorou no Twitter o governador goiano, Ronaldo Caiado (DEM). Em Alagoas, o horário do voo que vai levar 71 mil doses da CoronaVac ao estado sofreu duas alterações. Inicialmente, o governo federal comunicou que a carga chegaria às 16h45 desta segunda. Depois, a entrega seria antecipada para o meio-dia. Logo em seguida, o governo federal modificou novamente o comunicado. Agora, a nova previsão é para as 20h50. A vacinação no estado só deve começar às 8h de terça-feira (18). No Rio Grande do Norte, ocorreu o mesmo problema. As vacinas estavam previstas para chegar em Natal no voo das 11h55 desta segunda. A nova previsão é 22h50. O governo havia preparado um ato simbólico que ocorreria às 17h. Devido ao atraso, teve que ser remarcado para as 10h de terça-feira. Em Pernambuco, as vacinas só devem chegar às 19h40. Mesmo assim, o governo comunicou que pretende aplicar a primeira dose ainda nesta segunda. No Pará, uma entrevista coletiva com o governador Helder Barbalho (MDB) que estava prevista para as 17h teve que ser adiada, segundo a assessoria de imprensa do governo. Inicialmente, as vacinas estavam previstas para chegar por volta das 15h. No entanto, o horário foi atrasado para as 23h20. Embora a nova data de vacinação não tenha sido definida, isso dificultou muito a aplicação nesta segunda.
O Mato Grosso do Sul recebeu, com atraso de três horas da previsão inicial, 158.760 doses da vacina por volta das 16h desta segunda-feira. Às 17h, o estado também tinha marcado um evento simbólico de imunização, no Hospital Regional de Palmas, referência no tratamento de pacientes da Covid-19. A primeira dose da vacina contra o novo coronavírus, em Goiás, foi aplicada pelo próprio governador Ronaldo Caiado (DEM), que é médico, na tarde desta segunda. A primeira pessoa a recebê-la foi Maria Conceição da Silva, 73, mãe de seis filhos, que foi gari e doméstica e mora em um abrigo de idosos na cidade de Anápolis, de acordo com informações divulgadas nas redes sociais do governador. "Esperei muito tempo por essa vacina. Eu estava ansiosa. Isso vai dar força para todas e todos. Quando todo mundo estiver imunizado, aí será alegria para mim. Não basta só eu, tem que ser todos", disse ela, segundo o site G1. “Espero que ela mesma possa atestar que ainda estou com a mão leve, sabendo aplicar bem uma vacina. Às vezes, outros médicos criticam a ortopedia, mas somos habilidosos”, afirmou Caiado em coletiva, em referência à sua especialidade. “Tivemos a oportunidade de fazer com que esse, que era um sonho nosso, se transforme numa realidade." A cidade goiana foi escolhida por ter sido local onde desembarcaram os brasileiros que foram trazidos de Wuhan, China, considerada epicentro da pandemia, no início de 2020.

*”Estados criam força-tarefa para iniciar vacinação”*
*”Primeiros vacinados fora de SP relatam emoção e ansiedade”*

*”SP prevê que vacina contra Covid-19 tenha impacto no número de casos só em 6 meses”* - O começo da vacinação contra a Covid-19 no Brasil no domingo (17) e nesta segunda (18) trouxe esperança a muita gente, mas seu impacto no número de novos casos e mortes ainda deve demorar a aparecer, afirmam especialistas no assunto. Isso significa que uso de máscaras, distanciamento social e higiene frequente das mãos continuarão obrigatórios ao longo deste ano de 2021. Na avaliação do secretário de Saúde de SP, Jean Gorinchteyn, no atual estado da vacinação, o efeito da imunização nos números não poderão ser vistos antes de seis meses, depois que o país começar a vacinar os idosos, grupo de risco da doença. “Para a gente ter um impacto real da vacinação, nós precisaríamos já estar vacinando grupos vulneráveis. Entende-se que, hoje, vacinar os profissionais da saúde, que muitas vezes são profissionais de idades até não tão avançadas, é a garantia de assistência à saúde, para que a gente não perca essa força motriz na assistência, principalmente num momento em que a amplitude no número de casos e internações é maior”, diz à Folha o secretário, que também é médico infectologista. “Por outro lado, mesmo que a gente hoje vacinasse todos os idosos de forma abrupta, acima de 60 anos, nós teríamos 10% da nossa população imunizada. A gente veria o impacto disso de dois a três meses no número de internações e gravidade de doença, só. Mas, infelizmente, vamos começar ainda de uma forma muito lenta e gradual. Portanto, talvez a gente comece a ter alguma sensibilidade daqui a uns 6 meses”, conclui. Ricardo Gazzinelli, presidente da Sociedade Brasileira de Imunologia, resume: “Ontem [domingo, quando começou a vacinação em SP] foi um dia de muito otimismo e euforia. Hoje nós temos que pôr o pé no chão e saber que a coisa ainda vai durar um pouco".
O médico afirma que, quanto maior a eficácia, mais rápida seria a reação da imunização nos números do país. Como a Coronavac teve eficácia geral de 50,38%, próximo ao limite de 50% exigido pela Anvisa, uma parcela maior da população vai ter que se imunizar para que o país atinja a chamada imunidade de rebanho. Por isso, e com o atual estágio de aceleração na pandemia no país, que tem registrado média de mais de mil mortos por dia e hospitais superlotados, o ano de 2021 ainda será de máscara e distanciamento, afirma. O médico afirma que, num cenário otimista, com produção de vacinas no país e imunização em massa, "talvez tenha uma perspectiva para o fim do ano, ou começo de 2022. Mas ainda estamos em um horizonte de incertezas", diz, citando a dificuldade de importação de insumos para produzir a Coronavac no Brasil. Além disso, a Coronavac, única vacina disponível hoje no país, teve autorização emergencial da Anvisa para aplicação de 6 milhões de doses, o suficiente para imunizar 3 milhões de pessoas (já que duas doses são necessárias). Só de profissionais da saúde, existem 5 milhões no país. Idosos com 65 anos ou mais, segundo pesquisa do IBGE de 2019, são 10,8% da população, o equivalente a quase 23 milhões de pessoas. Ou seja, para vacinar apenas esses dois grupos, prioritários na imunização contra a Covid, seriam necessários 56 milhões de doses.
O Instituto Butantan solicitou nesta segunda na Anvisa com pedido para uso emergencial de mais 4,8 milhões de doses da vacina. O governo federal aguarda da Índia outras 2 milhões de doses da vacina da Astrazeneca, já aprovada pela Anvisa. Manter a rigidez no cuidado mesmo com o começo da imunização não será exclusividade do Brasil. O Reino Unido foi o primeiro país do mundo a começar a vacinar contra a Covid-19, em 8 de dezembro. Até esta segunda-feira, quase 4 milhões de doses já tinham sido aplicadas em 3,5 milhões de pessoas (o imunizante requer duas doses), 6% da população do país. No entanto, com a alta de casos e a descoberta de uma variante local do vírus, muito mais contagiosa, o país fechou novamente seus comércios e serviços em 5 de janeiro e pode permanecer assim até março, segundo o governo, para conter o avanço da doença.. O começo da vacinação também não permitiu que a população dos EUA relaxasse. No país, até a última sexta (15), 12,3 milhões de doses já tinham sido aplicadas em 10,6 milhões de pessoas (3% da população). Mesmo assim, o número de novos casos e novas mortes da doença vem batendo recordes desde o fim do ano passado, com taxas ainda mais altas do que as do pico da primeira onda da pandemia, chegando a 4.406 mortes em um único dia na última terça-feira (12).

*”Com 5 milhões de profissionais de saúde, país não define quais deles receberão a vacina primeiro”* - Diante da escassez de vacinas contra Covid-19 nesta primeira etapa da imunização que começa nesta segunda (18), pesquisadores e dirigentes de entidades de saúde defendem que os profissionais da área que estão na linha de frente de enfrentamento da pandemia sejam priorizados, a exemplo do que ocorre em países que saíram à frente na vacinação. O Plano Nacional de Vacinação ainda não definiu, dentre os profissionais da saúde, quais serão os primeiros vacinados. Na ausência de uma diretriz, estados e municípios têm adotado critérios próprios e aberto espaço para que várias categorias profissionais, dos professores de educação física aos tatuadores, peçam prioridade na fila da vacinação. Uma análise divulgada nesta segunda (18) pela Rede de Pesquisa Solidária, que reúne mais de cem pesquisadores de instituições como a USP e a da Fiocruz, calcula que no país existam cerca de 5 milhões profissionais da saúde. Ou seja, serão necessários 10 milhões de doses para a cobertura vacinal de toda a força de trabalho na saúde. “A meta deve ser a vacinação em massa de todos os profissionais de saúde, mas as doses inicialmente previstas não serão suficientes. Como não há diretriz nem planejamento, algumas categorias se sentem favoritas, querem desde já furar a fila”, diz Mario Scheffer, professor da USP e autor da análise. Segundo Scheffer, não existem estimativas precisas do número de trabalhadores da saúde no Brasil, pois há inconsistências e incompletudes nas bases de dados disponíveis. Na análise, ele utilizou quatro fontes de dados para estimar essa população. Se forem contabilizados apenas os vínculos formais (carteira de trabalho assinada), por exemplo, o Brasil tem cerca de 5,6 milhões de pessoas ocupadas em atividades públicas e privadas de atenção à saúde.
No entanto, o pesquisador diz que o número é impreciso porque sobrepõe quem tem mais de um emprego (algo comum na área da saúde) e ao mesmo tempo desconsidera os arranjos de trabalho precários, temporários e autônomos, cada vez mais frequentes nos subsetores público e privado da saúde. “A vacinação baseada em comprovante de contrato formal de trabalho deixaria de fora parcela significativa dos trabalhadores da saúde”, afirma. Segundo ele, devem receber a vacina não apenas aqueles que atuam em hospitais com terapia intensiva, atendimentos de urgência e triagem de pacientes, mas também os trabalhadores da atenção primária e ambulatorial, da vigilância em saúde, dos cuidados de longa duração, os que dispensam medicamentos, acompanham pacientes idosos e doentes crônicos. Também os que trabalham em consultórios médicos, clinicas, laboratórios, serviços de reabilitação, centros de diálise, hemocentros, ambulâncias e unidades móveis, além dos profissionais recrutados para postos ampliados de vacinação. Há ainda os agentes comunitários, prestadores de atendimento domiciliar, cuidadores de idosos, doulas, parteiras, funcionários e voluntários de organizações não governamentais e de equipamentos de assistência social que assistem doentes e populações vulneráveis à Covid-19. “É preciso incluir também quem trabalha em atividades administrativas, de recepção, segurança, limpeza, transporte de pacientes e cadáveres, alimentação, lavanderia e outras áreas de apoio aos serviços de saúde.”
Scheffer explica que vários países têm usado a hierarquização de riscos, de acordo com o local e tipo do trabalho, para ajustes de cronogramas e escalas de vacinação de profissionais de saúde. No Reino Unido e nos Estados Unidos, por exemplo, foram priorizados trabalhadores da saúde que se encaixam em pelo menos um de três critérios: maior grau de exposição ocupacional, maior risco de transmissão a pacientes ou colegas de trabalho e nível de risco individual para desenvolver a Covid-19 com gravidade. A imunização tem sido dirigida primeiramente a todos os profissionais que trabalham regularmente em ambientes de alto risco de infecção, como hospitais, serviços de urgência e emergência, maternidades, enfermarias e unidades de terapia intensiva para Covid-19. Há também recomendações de preferência para o trabalhador da saúde que tem idade avançada ou é portador de doença preexistente. Tendem a ser prioritários ainda os profissionais que têm maior risco de infectar indivíduos suscetíveis, por trabalharem em serviços que atendem idosos e pacientes com comorbidades que impactam no agravamento da Covid-19.
Segundo Suzana Lobo, presidente da Amib (Associação de Medicina Intensiva Brasileira), a prioridade deve ser de quem está de fato na linha de frente de toda a jornada do paciente com Covid-19. “Isso envolve quem atende nas unidades básicas de saúde, quem transporta esse paciente para o hospital, o motorista, o enfermeiro, o técnico. E, nas emergências, todo o pessoal que atende, inclusive quem faz o transporte e a limpeza, além de todos os profissionais das enfermarias e das UTIs de Covid.” Para ela, não faz sentido que pessoas que não estejam trabalhando diretamente com pacientes Covid, como médicos que fazem apenas teleatendimento, recebam a vacina antes de quem esteja lidando todos os dias com pacientes infectados. A Amib elabora uma nota sobre a escassez de vacinas e a priorização de grupos de profissionais na linha de frente, que será enviada às autoridades de saúde. “Nos preocupa muito essa falta de definição de como vai ocorrer essa vacinação dos profissionais de saúde. Existem poucas doses, somos muito, vamos precisar de duas doses, com intervalos de 21 dias”, diz a enfermeira Renata Pietro, embaixadora da Federação Mundial de Enfermagem em Cuidados Críticos. Ela conta que tem recebido inúmeras mensagens de alunos da enfermagem que estão fazendo estágios em serviços de saúde e de profissionais que atuam em casa de famílias (home care). “Todos querem saber se serão vacinados. Precisamos de um plano efetivo para entender como isso tudo vai funcionar."
No Brasil, o Conselho Federal de Enfermagem registrou 500 mortes ocupacionais por Covid-19 de enfermeiras, técnicos e auxiliares de enfermagem, sendo 30 óbitos em janeiro de 2021. Ainda não há dados oficiais sobre mortes entre todos os profissionais de saúde. Para César Eduardo Fernandes, presidente da AMB (Associação Médica Brasileira), seria importante que houvesse uma categorização de profissionais para os que estão na linha de frente da pandemia sejam os primeiros beneficiados. “Aqueles que estão afastados poderiam vir numa segunda ou terceira leva. Tem que ser melhor hierarquizados. Se isso não for feito, vai ter briga na fila”, diz ele. Segundo a análise de Scheffer, estudos mostram que quem atua na linha de frente do tratamento apresenta risco de três a quatros vezes maior de teste positivo para Covid-19 do que a população em geral. Além de infecções e mortes é alta prevalência de estresse, ansiedade e depressão entre aqueles que assistem pacientes com a doença. Ele lembra também que, além do número de profissionais, no planejamento da vacinação é imprescindível definir a sua localização. Três estados (São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais) concentram, juntos, 51% dos médicos, 50% dos dentistas e 44% dos enfermeiros do país. “As campanhas de vacinação e a logística de distribuição dos insumos devem considerar as características definidoras do perfil e da oferta da força de trabalho em saúde no país.

*”Após silêncio sobre aprovação da Coronavac, Bolsonaro alfineta Doria e diz que vacina é do Brasil”*
*”Bolsonaro insiste em tratamento precoce e volta a lançar desconfiança sobre Coronavac”*
*”Pazuello admite que sabia de problemas com oxigênio em Manaus desde 8 de janeiro”*
*”Documento contradiz Pazuello, que nega ter recomendado cloroquina”*

*”STF rebate Bolsonaro e afirma que não proibiu governo federal de atuar contra pandemia”*
*”Taxas de eficácia de vacinas contra Covid-19 não são diretamente comparáveis, afirmam especialistas”*
*”Ao contrário do que fizeram diretores da Anvisa, é preciso usar máscara em reuniões em locais fechados”*
*”Gilmar suspende inquérito contra desembargador que deu carteirada para não usar máscara”*
TODAS AS LETRAS - *”Vacina contra HIV: pesquisa busca voluntários brasileiros para testes”*

*”Defensoria diz que Inep não garantiu segurança e pede suspensão do Enem”*

MÔNICA BERGAMO - *”Governo Bolsonaro deve lançar campanha sobre vacinação sem participação de famosos que estavam cotados”*
MÔNICA BERGAMO - *”Doria é citado 398 mil vezes no Twitter no dia em que Coronavac é aprovada pela Anvisa”*
MÔNICA BERGAMO - *”Número de pacientes internados no hospital Albert Einstein dá salto e bate novo recorde”*
MÔNICA BERGAMO - *”Grupos criticam audiência de custódia por vídeo à Comissão de Direitos Humanos”*

MÔNICA BERGAMO - *”Grupo quer batizar campus da USP Leste com nome do padre Ticão”*
MÔNICA BERGAMO - *”Representantes da Academia Paulista de Letras organizam festa virtual de 90 anos de Renata Pallottini”*

CAPA – Manchete principal: *”Início da vacinação tem incerteza sobre doses”*

*”Derrota política e reação – Isolado no início da vacinação, Bolsonaro troca discurso e estratégia para recuperar terreno”* - Derrotado politicamente após o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), dar início à vacinação contra o novo coronavírus, no último domingo, o presidente Jair Bolsonaro tentou reagir na segunda-feira e sair do isolamento. Ele se encontrou com o embaixador da Índia, Suresh K. Reddy, em uma tentativa por ora frustrada de agilizar a importação de doses da vacina Oxford/AztraZeneca; convocou ministros para uma reunião de emergência; e após meses de críticas à CoronaVac, mudou o tom e disse que a “vacina é do Brasil, não é de nenhum governador”. Integrantes do governo que evitavam se manifestar sobre a vacinação passaram a publicar em suas redes sociais a imagem de brasileiros que começaram a ser imunizados.
Auxiliares de Bolsonaro reconhecem que o presidente errou ao minimizar a gravidade da pandemia, bem como ao colocar em xeque a ciência. Reservadamente, interlocutores do Palácio do Planalto avaliam que Bolsonaro, ao insistir no tratamento precoce, com medicamentos sem eficácia comprovada, e ao adotar uma postura contra a vacina, cedeu espaço para que o governador de São Paulo faturasse com a viabilização do início da imunização no país. Em um esforço para tentar evitar o aumento do desgaste da imagem do presidente, o governo tenta minimizar a participação de Doria no processo. Auxiliares do Planalto atribuem a responsabilidade pelas falhas ao ministro da Saúde, Eduardo Pazuello. Potencial candidato a presidente em 2022, Doria é visto como adversário de Bolsonaro em seu projeto de reeleição. A imagem do governador de São Paulo ao lado da enfermeira Monica Calazans, a primeira pessoa a receber a dose da vacina no país, irritou o presidente e seus aliados. Enquanto o tucano lucrava com a exposição, concedendo entrevista coletiva e sendo um dos assuntos mais comentados nas redes sociais, Bolsonaro permaneceu em silêncio após a aprovação da Anvisa.
Militares também voltaram a demonstrar insatisfação com com atuação de Pazuello, que foi mantido no cargo justamente com o argumento de que, embora não seja médico, entende de logística. Na avaliação de integrantes das Forças Armadas com cargos no governo, a atuação dele afeta a imagem do Exército não apenas pelos erros na distribuição da vacina, mas também pelo colapso da saúde pública em Manaus, onde há falta de oxigênio. Após a aplicação da primeira vacina em São Paulo, assessores palacianos debateram como reagir politicamente. A estratégia escolhida foi investir na divulgação de que a imunização será nacional e lembrar que o governo federal ajuda a pagar as pesquisas do Instituto Butantan. O plano é evitar citar Doria ou antagonizar com ele, segundo fontes do governo. A primeira medida adotada por Pazuello, sob essa orientação, foi uma reunião com governadores na manhã de ontem. Pressionado por eles, o ministro concordou em antecipar o início da vacinação. Antes, a data prevista era quarta-feira. Não falou sobre Doria, mas disse que não se deve aceitar “divisão” em um momento como esse.
— O ministro foi muito receptivo à minha solicitação e de outros governadores que a vacina fosse aplicada logo que chegasse (nos estados). Qualquer agilizada nesse início você pode estar salvando vidas e nada justificaria não fazer isso — disse Romeu Zema (Novo), governador de Minas Gerais.
Governadores ouvidos pelo GLOBO dizem que as doses de vacina enviadas de São Paulo vão durar cerca de uma semana. Embora cobrem o governo federal para trazer mais insumos ou vacinas do exterior, apontando falhas do Plano Nacional de Imunização (PNI), os governadores acabaram se valendo do conflito com Doria para dar início à vacinação em seus estados. Eles se beneficiam, portanto, em manter um canal aberto com Bolsonaro e Pazuello. Os governadores se dividem a respeito do impacto político da decisão de Doria de dar início à vacinação no domingo em São Paulo. Wellington Dias (PT), governador do Piauí, diz que a tensão entre Doria e Bolsonaro atrapalha e “pode virar uma guerra sem fim”. Ele criticou o governador por ter dado início à vacinação antes dos demais estados. Flávio Dino (PCdoB), governador do Maranhão, discorda. E ressalta as “carências na diplomacia brasileira” no governo Bolsonaro que, segundo ele, vêm causando dificuldade de conseguir insumos na China e na Índia.
— Doria tem o mérito, pelo menos, de quebrar a inércia derivada do negacionismo do Bolsonaro. Na prática, (Bolsonaro) é forçado a agir, porque a essa altura fica bem evidente que, se dependesse do governo, a gente não teria nada. Estranho seria se fosse o Bolsonaro a vacinar a primeira pessoa.
Ainda no domingo, o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) postou em suas redes sociais que a produção da CoronaVac pelo Instituto Butantan, em São Paulo, foi financiada pelo governno federal. “Governo Bolsonaro bancou vacina do Butantan!”, escreveu ele.
CPI da Vacina
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse que é “inevitável” a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar “toda a desorganização, toda a falta de capacidade de logística e de entrega de equipamentos e insumos aos estados e municípios”. Ele afirmou ainda que Bolsonaro não teve “coragem” de recusar a vacina chinesa.
—O presidente da República disse várias vezes que não compraria a vacina chinesa, que quem manda era ele, mas, na hora da verdade, a coragem não é tão grande. É corajoso até parte da história.
Já o deputado Arthur Lira (PP-AL), candidato de Bolsonaro à presidência da Câmara, criticou Doria por ter organizado e participado de ato inaugural da vacinação contra a Covid-19 no Brasil. Seguindo a estratégia do Planalto de tentar jogar o desgaste para o ministro da Saúde, ele cobrou ações efetivas de Pazuello.
— O governador Doria se aproveitou do armazenamento das vacinas do Instituto Butantan para fazer a imagem da primeira vacinação do Brasil. Não posso dizer que está desrespeitando, mas passando à frente de todos os prefeitos e governadores — criticou Lira.

*”Para Bolsonaro, Democracia depende das Forças”*
*”Solidariedade troca de lado e PTB apoia Lira”*
*”Câmara terá votação presencial no dia 1º”*
*”Promessa de campanha, diversidade não chegou às gestões municipais”*

*”Depois da euforia – Início da imunização nacional é marcado por atrasos, incertezas e doses insuficientes”*
*”Pazuello diz que nunca defendeu cloroquina, indicada por sua pasta”*
*”Corrida pela consolidação – Hospitais, planos e laboratórios aceleram fusões por tecnologia e corte de custos”*
*”Trabalhador que se negar a tomar vacina pode ser demitido”*

 

CAPA – Manchete principal: *”Falta de insumos pode parar programa de vacinação no País”*

EDITORIAL DO ESTADÃO - *”Apesar de tudo, a vacina”*: O Brasil deve ser o único país do mundo onde o início da vacinação da população contra a covid-19 representou uma derrota política para o presidente da República. Foi assim porque Jair Bolsonaro em nenhum momento trabalhou com seriedade para conseguir um imunizante para os brasileiros. Ao contrário. Do alto do cargo que ocupa, fez o que podia e o que não podia para sabotar os esforços dos que lutaram incansavelmente para viabilizar a única solução para uma tragédia que já matou mais de 210 mil pessoas no País e levou milhões ao desemprego e à extrema pobreza. Apesar das forças contrárias, da negação da realidade e de uma sórdida campanha de desinformação, prevaleceram a ciência, a boa governança e o espírito público dos agentes de Estado. E a Nação assistiu, enfim, ao início da tão ansiada campanha de vacinação.
Dois fatores foram decisivos para que na tarde de domingo passado a enfermeira Mônica Calazans, que trabalha na UTI do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, na capital paulista, se tornasse a primeira brasileira a ser vacinada contra o novo coronavírus, evento que permitiu a seus concidadãos dar um suspiro de alívio e a esperança de que, embora ainda haja um longo caminho a ser percorrido, ao menos agora se vislumbra o fim deste pesadelo. O primeiro fator foi o empenho do governo do Estado de São Paulo em firmar parceria com o Instituto Butantan e uma empresa farmacêutica internacional, a Sinovac Life Science, da China. Em meados de junho do ano passado, o governador João Doria anunciou o acordo com o laboratório chinês. A partir de então, organizou-se um minucioso processo para que a Coronavac fosse testada no Brasil e, uma vez aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), pudesse ser produzida aqui pelo Butantan. Ato contínuo, teve início a campanha de Bolsonaro contra o que chamou de “vacina chinesa do Doria”. Em outubro de 2020, convém lembrar, o presidente chegou a afirmar que o Ministério da Saúde “não compraria a vacina”. Igualmente determinante para o início da vacinação sem mais delongas foi a postura técnica e republicana dos servidores da Anvisa, que não se dobraram a pressões de natureza política, como se temia, e pautaram sua decisão por critérios rigorosamente científicos. Foi o que se viu durante a minuciosa apresentação da análise da Coronavac e da vacina da Universidade de Oxford e do laboratório Astrazeneca, que será produzida pela Fiocruz.
A Anvisa foi além e negou veementemente a existência de um “tratamento precoce” contra a covid-19, ao contrário do que o presidente e o Ministério da Saúde preconizam aos quatro ventos. Só as vacinas hão de pôr fim às aflições dos brasileiros, afirmou a agência. Se pressão houve, foi a do tempo. Em apenas nove dias, os técnicos da Anvisa se debruçaram sobre centenas de documentos sobre ambos os imunizantes, concluindo que, em que pesem algumas pendências de dados a serem sanadas pelos laboratórios nas próximas semanas, os benefícios da aplicação imediata das vacinas superam muito os riscos. A transparência da reunião deu ao País a segurança de que nada parece ter escapado ao olhar rigoroso dos técnicos da Anvisa. Melhor assim. Um importantíssimo passo foi dado com o início da vacinação dos grupos prioritários em São Paulo, primeiramente, e em outros Estados. Mas não se pode perder de vista que o País ainda não tem a quantidade de doses suficiente para vacinar toda a população-alvo, qual seja, os maiores de 18 anos. Cabe ao Ministério da Saúde fazer o que lhe compete e organizar um plano nacional de vacinação digno do nome. Urge garantir os estoques de vacinas e insumos acessórios para que todos os brasileiros que devem ser imunizados o sejam o quanto antes. Apenas com a Coronavac não se atingirá a cobertura vacinal apta a garantir a imunidade necessária para frear o espalhamento do vírus.

*”Forças definem democracia ou ditadura, diz Bolsonaro”* - Sob pressão política diante do atraso na distribuição de vacinas contra a covid-19, o presidente Jair Bolsonaro mandou ontem recados a seus críticos e afirmou que as Forças Armadas são as responsáveis por decidir se há democracia ou ditadura em um país. Depois da derrota sofrida para o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), que deu a largada na vacinação, e dos problemas para fazer o imunizante chegar aos Estados, Bolsonaro elogiou as Forças Armadas que, na sua avaliação, foram “sucateadas” na esteira de uma estratégia para adotar o socialismo no Brasil. “Quem decide se um povo vai viver na democracia ou na ditadura são as suas Forças Armadas. Não tem ditadura onde as Forças Armadas não a apoiam”, afirmou o presidente, em conversa com apoiadores, no Palácio da Alvorada. Candidato a novo mandato, em 2022, Bolsonaro sugeriu, ainda, que a situação pode mudar, dependendo do resultado da disputa. As declarações repercutiram mal. O tom ideológico do presidente ocorre no momento em que aumentam protestos contra o governo, como panelaços, sua popularidade cai nas redes sociais e há pressão para o impeachment. “No Brasil, temos liberdade ainda. Se nós não reconhecermos o valor desses homens e mulheres que estão lá, tudo pode mudar. (...) Como estariam as Forças Armadas com o Haddad no meu lugar?”, perguntou o chefe do Executivo, em referência ao ex-prefeito Fernando Haddad (PT), seu rival na campanha de 2018.
Não é a primeira vez que Bolsonaro diz que a democracia depende da vontade dos militares, mas, nos últimos tempos, subiu o tom dessa narrativa (mais informações nesta página). A ameaça vai na contramão da Constituição. Pela Carta de 1988, as Forças Armadas estão subordinadas ao poder civil e não têm autonomia para decidir os rumos políticos do País. “O pessoal parece que não enxerga o que o povo passa, para onde querem levar o Brasil. Para o socialismo. Por que sucatearam as Forças Armadas ao longo de 20 anos? Porque nós, militares, somos o último obstáculo para o socialismo”, disse o presidente, que é capitão reformado do Exército, no diálogo com eleitores. Bolsonaro abriu nova polêmica justamente quando se discute a instalação de uma Comissão Representativa do Congresso, neste mês de recesso parlamentar, para votar a convocação do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, e projetos relacionados à pandemia do coronavírus. “O presidente flerta, mais uma vez, com o acirramento na relação com as instituições, o que é muito grave. É uma frase recorrente, muito próxima de desrespeitar a Constituição. Agora volta, no meio da pandemia, num sinal de desespero em relação à completa falta de gestão do seu governo e do seu Ministério da Saúde”, disse o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-SP), ao Estadão.
A instalação de uma comissão do Congresso para se debruçar sobre a crise é uma nova queda de braço, a duas semanas das eleições que vão renovar o comando da Câmara e do Senado. A principal disputa, hoje, é travada na Câmara entre os deputados Arthur Lira (Progressistasal), apoiado por Bolsonaro, e Baleia Rossi (MDB-SP), que tem o aval de Maia. Para o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), o Congresso e o Supremo Tribunal Federal precisam estar atentos a Bolsonaro. “Só um cego não percebe o caminho que o presidente está traçando na sua trajetória”, destacou. Seu colega José Serra (PSDBSP) também se levantou contra o recado de Bolsonaro. “Tratase de uma visão autoritária em estado puro. Quem quer a democracia é o povo. E às Forças Armadas cabe servir à democracia. Como, aliás, elas têm feito nos últimos anos”, observou o tucano. O ex-ministro da Defesa Raul Jungmann foi na mesma linha. “Quem zela pela democracia, em primeiro lugar, é o povo, no uso dos seus direitos políticos. Em segundo, seus representantes e as instituições democráticas. Dentre estas, os poderes da República e as nossas Forças Armadas estão comprometidas com a democracia e a sua defesa”, disse ele.
+++ O Estadão só abre espaço paras que políticos da centro-direita façam críticas à postura de Jair Bolsonaro. Não é nada surpreendente, só mais um exemplo de como a democracia brasileira começa a ser desrespeitada já na prática jornalística. De qualquer forma, impressiona que declarações desse tipo não afastem as Forças Armadas do governo.

*”Desgaste sofrido pelo Planalto afeta disputa na Câmara”* - A pouco mais de dez dias da eleição para a presidência da Câmara dos Deputados, o Solidariedade declarou ontem apoio à candidatura de Baleia Rossi (MDB-SP). O partido chegou a flertar com o candidato Arthur Lira (Progressistas-al), principal oponente do emedebista, mas alegou que desistiu do movimento por causa da proximidade do líder do Centrão com o Palácio do Planalto. Em reunião na sede do Solidariedade em São Paulo, com a presença de Baleia e líderes de PT, PV, PSL e Cidadania, a avaliação foi a de que o desgaste do governo federal provocado pela condução da pandemia do novo coronavírus deve ajudar a atrair mais parlamentares para o bloco do emedebista, que tem aval do atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). “Acredito que todo esse batecabeça (na questão da pandemia e da vacinação) pode ajudar no fortalecimento da nossa candidatura.os parlamentares vão fazer essa análise, porque uma Câmara independente vai dar condições de os parlamentares exercerem o seu mandato, de se colocarem quando o governo erra de maneira clara e objetiva”, afirmou Baleia. Presidente do Solidariedade, o deputado Paulinho da Força disse que a legenda se afastou de Lira por causa da “aproximação com o governo Bolsonaro”. “Isso pesou bastante dentro do partido.” Candidato do Planalto, Lira buscou se posicionar em meio à crise sanitária e cobrou ontem o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, por soluções para a vacinação contra a covid-19. O líder do Centrão, no entanto, evitou comentar a postura do presidente Jair Bolsonaro, que entrou em uma disputa com o governador João Doria (PSDB) na questão dos imunizantes.
Ideologia. “Qualquer vacina, seja de onde for, que tiver homologação ou certificação da Anvisa (Agência de Vigilância Sanitária) deve ser usada e comprada independentemente de ideologia ou de pensamentos”, declarou Lira. “Se houver críticas ao ministro Pazuello, nós vamos fazê-lo, como fiz aqui, tem de apresentar soluções de logística, tem de cuidar da temática de não deixar faltar insumos nem vacinas para o Brasil. Tem de tratar junto do Ministério das Relações Exteriores, no tratamento com Índia e China. A população acredita no seu parlamentar para solucionar”, disse o candidato do Progressistas durante entrevista concedida pela manhã em um hotel de Brasília. Lira, porém, negou que a cobrança tenha o objetivo de pressionar pela saída do general Pazuello do ministério. Nos bastidores, o Centrão tenta reaver o comando da pasta, que tem um dos maiores orçamentos da Esplanada. Um dos nomes que sempre aparecem como cotado para assumir o lugar de Pazuello é o do atual líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros (Progressistas-pr).
Apoios. Baleia Rossi minimizou a “erosão” de votos em partidos que apoiam sua candidatura. Levantamento do Estadão mostrou que siglas como DEM e PSDB têm parlamentares que, apesar do posicionamento da legenda, declararam votos em Lira. O PSL é o partido com a divisão mais evidente. Formalmente, o partido está com Baleia Rossi, mas a maioria da bancada manifestou apoio ao adversário. O candidato do Progressistas lidera o placar do Estadão. “É natural que, com a pressão que o governo está fazendo em cima dos parlamentares, mesmo parlamentares que prefiram uma Câmara independente sinalizem para o outro lado, para evitar represálias”, disse o emedebista.

*”Votação será presencial e deve reunir cerca de 3 mil pessoas”*

*”FBI investiga agentes da Guarda Nacional pelo temor de ataque interno na posse”*
*”Invasão incentivará o recrutamento de extremistas por anos”*

*”Falta de matéria-prima ameaça atrasar imunização no Brasil”*
*”1º lote só dá para 0,5% dos idosos”*
*”Guedes aposta em vitória de Lira para reapresentar proposta de nova CPMF”*
*”Baleia Rossi diz que ministro pode propor volta de auxílio”*

 

CAPA – Manchete principal: *”Falta de insumo da China trava produção de vacina”*

*”Punição por dumping no país deve ganhar novo fôlego neste ano”* - Após anos em queda, pedidos de abertura de investigações pelas empresas cresceram no ano passado

*”Alvo para 2021 é rever decreto que trata de subsídios”* - Ideia é repetir o que foi feito em 2013 com medidas antidumping

*”Insumo chinês para vacina tem superdemanda”* - Pequim não tem data para envio de catalisador diante da necessidade de atender população da própria China

*”Com improviso e confusão, ministro inicia campanha”* - Campanha de vacinação começa no país sob improvisos e confusão

*”Linha de frente da saúde é alvo de Estados”* - Grupo é prioridade para vacinação com as primeiras doses do imunizante

*”Bolsonaro insiste em tratamento precoce; SP pede uso emergencial para mais doses”* - Presidente diz a apoiadores para não desistirem de tratamento precoce e volta a questionar eficácia da Coronavac

*”Próximo mês será crítico por falta de matéria-prima, prevê pesquisador”* - Pesquisador da Fiocruz diz que próximos 30, 40 dias serão críticos pois país ainda não tem insumo para produção da vacina contra a covid-19

*”Para empresários, disputa política em meio à crise sanitária atrasa crescimento”* - Lideranças do setor privado criticam condução das reformas no Congresso

*”OMS critica baixo acesso de países pobres à imunização”* - Laboratórios respondem que queixas podem ser “potencialmente enganosas”

*”União Química busca nesta semana aval da Anvisa para imunizante russo”* - União Química deve se reunir com agência para tratar da aprovação do uso emergencial da Sputnik V

*”País não sabe quando terá vacina da Índia; expectativa é para os ‘próximos dias’”* - Pazuello diz que nunca recomendou cloroquina, mas que envia para Estados e municípios que solicitam o medicamento

*”Para presidente do Ipea, crescimento em 2021 pode chegar a 4%”* - Carlos Von Doellinger acredita que economia pode ter expansão nesse ritmo, com perspectiva de vacinação

*”Governadores evitam polêmica com Doria”* - Em meio às comemorações pelo início da imunização na tarde de ontem, governadores e o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, tentaram deixar em segundo plano a disputa política em torno da vacina e evitaram criticar o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), por ter começado a vacinar antes dos demais Estados, no domingo. Evitaram também falar a demora do governo federal para viabilizar a imunização. Pazuello reuniu-se com 14 governadores em evento para marcar o início da distribuição da CoronaVac para todo o país. As seis milhões de doses entregues pelo Instituto Butantan ao Ministério da Saúde estavam armazenadas no centro de distribuição do governo federal, em Guarulhos (SP). O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), disse que pretende distribuir as 561 mil doses enviadas pelo Ministério da Saúde para todas as cidades do Estado ainda hoje. “É questão de horas. A vacina estará em todo Estado”, afirmou. Aliado do presidente Jair Bolsonaro, Zema disse não ver problemas na ação de Doria. “Lógico que uma ou outra região, devido a questões logísticas, acaba começando antes. Com certeza, alguma cidade no interior do Amazonas vai ter dificuldade para a vacina chegar lá. Desde que o plano seja nacional e todo brasileiro tenho acesso à vacina, não vejo nenhum problema de algumas localidades terem essa facilidade logística. ”
Das seis milhões de doses de CoronaVac, São Paulo ficou com cerca de 1,4 milhões e os demais Estados, com 4,6 milhões. As doses serão distribuídas de forma proporcional à população. Nos Estados, está sendo organizado o transporte em aviões, helicópteros, caminhões e carros. O governador do Ceará, Camilo Santana (PT), disse que pretende iniciar a vacinação na capital e no interior ao mesmo tempo. “O anseio de todos nós era que a vacina fosse iniciada”, disse Santana. “O momento é de iniciar a vacina. Não é momento de disputa política, é de unir o Brasil e vacinar. É isso o que vamos fazer aqui hoje.” O governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), também evitou polêmicas. “Devemos valorizar o ato de início da vacinação. O Brasil clama pela vacina. Representa a esperança da nossa gente de poder voltar a ter uma vida sob um novo normal e, claro, podermos salvar a vida da populaçãos”, disse Barbalho. “O momento é de valorizar o início da vacinação. Qualquer coisa que vá além da vacinação não interessa. Agora é foco e rapidez. Trabalhar para que brasileiros se conscientizem que vacinar é salvar vidas”, afirmou, ao ser questionado sobre o início da vacinação no domingo, por Doria.
Em meio ao colapso do sistema de saúde de Manaus, o governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), disse que assim que as doses da CoronaVac chegarem, o Estado iniciará a vacinação, concentrada na capital. O Amazonas receberá do Ministério da Saúde 256 mil doses e mais 50 mil doadas pelo governo de São Paulo. “Chegamos a mais de 300 mil doses no Amazonas, o que nos traz uma esperança muito grande, uma luz e um caminho para sair desse momento tão complicado e difícil”, disse Lima. Apesar da tentativa de governadores de não contaminar o início da vacinação com a disputa política em torno do imunizante, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), expôs o desconforto gerado por Doria nos demais Estados e registrou publicamente as críticas feitas no bastidores contra o tucano. Caiado disse que a vacinação não pode ser transformada em campanha eleitoral, em crítica direta a Doria, pré-candidato à Presidência em 2022 contra Bolsonaro. “Nós, governadores, merecemos tratamento igualitário”, disse Caiado. Para o governado, Doria não respeitou os demais Estados. “O gesto de Doria coloca os outros governadores em uma segunda categoria.”
O governador de São Paulo não foi ao evento e enviou como representante o vice-governador, Rodrigo Garcia (DEM). Garcia disse que é “fundamental” começar a vacinar o quanto antes e, ao rebater críticas, afirmou que foi o governo paulista e o Instituto Butantan quem investiram para ter a CoronaVac no Brasil. “A discussão é quem é que investiu para ter a vacina. Foi o Instituto Butantan e o governo do Estado”, disse. O vice-governador afirmou ainda que São Paulo também começou antes dos outros Estados a vacinação contra a H1N1, porque o imunizante é produzido no Butantan. “Convido a olhar vacinações da H1N1 de 2020, 2019, 2018, 2017...”, disse. Pazuello também adotou um discurso pacificador, sem mencionar Doria, apesar de ter criticado duramente o governador paulista no domingo, depois que a Anvisa liberou o uso emergencial das vacinas do Butantan e da Fiocruz. “Ontem [domingo] é passado, é para historiador. A partir de agora vou discutir o futuro”, afirmou. O ministro reforçou que todos os Estados deveriam começar no mesmo dia e horário a vacinação. “Eu acho que é demonstração de união, de lealdade federativa. Estamos todos aqui mostrando que o Brasil tem condições de iniciar uma campanha de vacinação em massa nacionalmente”, afirmou. Já o presidente Jair Bolsonaro criticou Doria, sem citá-lo diretamente, e afirmou as vacinas liberadas pela Anvisa são do Brasil e não de um governador. “Está liberada a aplicação pelo Brasil. E a vacina é do Brasil, não é de nenhum governador”, em indireta a Doria sobre a CoronaVac, produzida pelo Instituto Butantan, em São Paulo.

*”Lira à frente da Câmara não significa excluir impeachment, diz Carlos Melo”* - Cientista político prevê cenário de turbulência e volatilidade, com presidente isolado

*”Reprovação a Bolsonaro sobe a 40%”* - O percentual de quem avalia o governo Jair Bolsonaro como ruim ou péssimo subiu de 35% em dezembro do ano passado, para 40% em janeiro deste ano, segundo pesquisa XP/Ipespe divulgada ontem. O percentual registrado em janeiro é similar ao do início da pandemia do coronavírus, de abril de 2020. Já o percentual dos que veem a gestão Bolsonaro como ótima ou boa caiu de 38% para 32%. É a primeira vez, desde maio de 2020, em que há aumento no percentual dos críticos ao governo e redução no de apoiadores. Trata-se também da primeira vez, desde julho do ano passado, em que a avaliação negativa supera a positiva. De acordo com o levantamento, o movimento coincide com uma piora na percepção da atuação de Bolsonaro para enfrentar a crise sanitária provocada pela covid-19. São 52% os que consideram a gestão ruim ou péssima, registrando 4 pontos a mais do que em dezembro. A rodada de janeiro da pesquisa mostrou que Bolsonaro continua liderando as intenções de voto para a eleição presidencial de 2022. Ele oscilou um ponto para baixo e atingiu 28% das intenções de voto, ficando à frente do ex-ministro da Justiça e ex-juiz federal Sergio Moro (12%), de Ciro Gomes (11%) e de Fernando Haddad (11%). Em seguida aparecem Luciano Huck (7%), Guilherme Boulos (5%), João Doria (4%), João Amoêdo (3%) e o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta (3%).
A avaliação dos governadores oscilou um ponto percentual para baixo em janeiro, tanto no ótimo e bom (35%) quanto no ruim e péssimo (25%). Houve uma melhora gradual e contínua dos governadores da região sudeste, cuja aprovação passou de 23% em agosto para 32% agora. Os entrevistados foram indagados ainda sobre a disposição de se vacinar: 69% disseram que tomarão a vacina com certeza. Entretanto, entre os eleitores declarados de Bolsonaro em 2018, 58% afirmaram que irão se vacinar com certeza, enquanto 78% dos eleitores que não votaram no atual presidente declararam tal intenção - uma diferença de 20 pontos percentuais. Ainda sobre o tema pandemia, manteve-se em trajetória de alta desde outubro os que disseram estar com muito medo do coronavírus, representando 42% em janeiro ante os 28% registrados há três meses. Hoje, 56% acreditam que o pior ainda está por vir, contra 36% que acreditam que o pior já passou. Cresceu também o percentual dos que afirmaram ter intensificado o isolamento social, saindo menos de casa do que nas últimas duas semanas. São 27% nesta condição, ante os 21% da pesquisa realizada em dezembro. Foram realizadas mil entrevistas com abrangência nacional, no período de 11 de janeiro a 14 de janeiro. A margem de erro do levantamento é de 3,2 pontos percentuais para cima ou para baixo.

*”STF desmente que Bolsonaro não possa agir sobre covid”* - Segundo nota do Supremo, competências de Estados, municípios e União são concorrentes, não excludentes

*”Maia pede foco na pandemia e descarta agir contra Bolsonaro”* - Presidente da Câmara resiste a pressões para abrir impeachment

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