Pular para o conteúdo principal

Repercutimos a edição de 06/04/21 do Ex-Blog do César Maia, um dos melhores blogs políticos do país

 

O DESPERDÍCIO DO FATOR HUMANO!

(Editorial - O Estado de S. Paulo, 03) Com 14,3 milhões de desempregados no trimestre encerrado em janeiro, o Brasil teve uma passagem de ano especialmente penosa para os pobres e agourenta para a maior parte dos negócios. Perdido o primeiro trimestre, o governo só nos próximos dias voltará a pagar o auxílio emergencial. Com isso poderá atenuar a fome e dar novamente algum impulso ao consumo e à produção. Sem Orçamento, sem rumo e aparentemente sem perceber o desastre do dia a dia, a equipe econômica deixou perder-se a recuperação iniciada em maio e já enfraquecida nos três meses finais de 2020. As condições do emprego mostram bem as limitações dessa reação, agora dificultada também pelo forte aumento dos preços no varejo.

A desocupação, o subemprego e o desestímulo a grandes parcelas da força de trabalho compõem uma forma especialmente grave de desperdício. A ociosidade dos trabalhadores pode ocasionar mais que os dramas facilmente visíveis na experiência diária e diminuição do potencial de consumo. Quando prolongado, o desemprego pode também resultar em desatualização e desqualificação da mão de obra – um obstáculo a mais ao desenvolvimento da economia. Por isso, o investimento em requalificação é uma das políticas necessárias depois de longos períodos de desocupação.

O desemprego de 14,2% da força de trabalho, na virada de ano, é apenas o aspecto mais visível desse drama econômico e social. O quadro fica mais feio quando se adicionam 5,9 milhões de pessoas desalentadas – sem ânimo para continuar buscando uma colocação – e outros grupos com potencial de trabalho subempregado ou simplesmente perdido. Tudo somado, a população subutilizada chegou a 32,4 milhões de indivíduos, ou 29% da população economicamente ativa. Este é um número muito mais adequado que a taxa de desemprego para dimensionar o desperdício de mão de obra.

Mas é preciso olhar outros detalhes para avaliar as limitações do consumo e das possibilidades de progresso individual e familiar. O nível de ocupação chegou a 48,7% das pessoas em idade de trabalhar, com aumento de 0,7 ponto porcentual em relação ao trimestre anterior. Mas esse aumento ocorreu principalmente no segmento informal, onde se acomodaram 34,1 milhões de trabalhadores no período de novembro a janeiro. O número de trabalhadores sem carteira assinada aumentou 3,6% no setor privado, taxa equivalente a 339 mil pessoas, de um trimestre para outro.

A taxa de informalidade subiu de 38,8% para 39,7%, ficando pouco abaixo daquela registrada um ano antes. Participam da informalidade tanto os empregados sem carteira assinada quanto trabalhadores por conta própria sem registro oficial. Baixo rendimento, benefícios assistenciais escassos ou nulos e contratação precária constituem algumas das condições da ocupação informal.

“A perda de força no crescimento da ocupação vem principalmente da menor expansão na indústria, no comércio e na construção”, disse a pesquisadora Adriana Beringuy, ao apresentar os dados do último levantamento do IBGE. Ainda assim, o aumento da população ocupada, no período de novembro a janeiro, é em boa parte explicável pelas contratações adicionais ocorridas no fim de ano, embora o crescimento das vendas tenha sido mais fraco que em outros anos.

Mesmo com a recuperação econômica iniciada em maio, a desocupação continuou bem maior que no período anterior à crise deflagrada pela pandemia. No trimestre móvel terminado em janeiro de 2020 havia 11,9 milhões de desempregados, ou 11,2% da força de trabalho. Os subutilizados eram 23,2%. O desemprego era bem maior que o da média dos países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), praticamente o dobro.

O quadro já era muito ruim, porque o governo do presidente Jair Bolsonaro quase nada fizera, no primeiro ano de mandato, para impulsionar a atividade econômica. Em 2019 o Produto Interno Bruto (PIB) aumentou 1,4%, tendo avançado 1,6% no ano anterior. A economia já andava mal antes da pandemia, assim continua e o desemprego persistente é a consequência mais dramática.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

POLÍTICA - CORRIDA ELEITORAL

POLÍTICA - CORRIDA ELEITORAL ******************  CORRIDA ELEITORAL  Lula jantou com caciques do MDB. No cardápio, a tentativa de conseguir o apoio do partido já no primeiro turno, com a fritura da candidatura de Simone Tebet. ..........................  Ficou para 7 de maio o lançamento da pré-candidatura de Lula. ..........................  Continua a novela do vice de Bolsonaro. Segundo o presidente, há "90% de chances" de ser Braga Netto.  ****************** Créditos UOL

FERNANDO HADDAD - ”Antiantirracismo”

  FERNANDO HADDAD - ”Antiantirracismo” Sabemos que, ainda hoje, há uma prática no Brasil de simplesmente negar o racismo. Todo aquele discurso eugênico de embranquecer o país, que prevaleceu até os anos 1930, deu lugar à ideia de democracia racial, supostamente evidenciada pela miscigenação. Anos antes da Abolição, foi aprovada a Lei Saraiva (1881), que negava aos analfabetos o direito de votar. Na virada do século 19, os alfabetizados representavam 15% da população. Entre os negros, esse número, considerados censos latino-americanos com recorte racial (Cuba e Porto Rico), devia girar em torno de 2%. Essa realidade só veio mudar com o fim da ditatura militar, cem anos depois, em 1985, quando a taxa de analfabetismo no Brasil ainda era de 22%. A de negros, de cerca de 36%. O povo passou a votar. A luta pela universalização do direito à educação ganhou impulso. E logo os negros bateram à porta da universidade, que permanecia fechada. Vieram o Prouni (2004), o Reuni (2007), o Enem/SiSu (2

LFS Política - Minha Casa Minha Vida: mais 112 mil moradias para beneficiar 440 mil pessoas

  LFS Política -  Minha Casa Minha Vida: mais 112 mil moradias para beneficiar 440 mil pessoas. Créditos PT. Confira nosso Acúmulo sobre os Programas Sociais:  https://capitaofernandopolitica.blogspot.com/search/label/Programas%20Sociais   Siga nosso Instagram  @blogdocapitaofernando    ---    www.instagram.com/blogdocapitaofernando