POLÍTICA - João Doria (PSDB/SP) é oitavo nome da terceira via a desistir de candidatura à Presidência
Doria é oitavo nome da terceira via a desistir de candidatura à Presidência
Lista de desistentes inclui o ex-juiz Sergio Moro, Luciano Huck e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco
A desistência do ex-governador João Doria (PSDB) de concorrer à Presidência é mais uma retirada na chamada terceira via. Ao menos oito nomes já se retiraram da pré-disputa ao Palácio do Planalto que acontecerá em outubro deste ano.
Antes de Doria, já haviam desistido o ex-juiz Sergio Moro (União Brasil), o presidente do Senado Rodrigo Pacheco (PSD), o também senador Alessandro Vieira (PSDB), antes filiado ao Cidadania, Luciano Huck (sem partido), João Amoêdo (Novo), Luiz Henrique Mandetta (União Brasil) e o companheiro de partido de Doria, o ex-governador do Rio Grande do Sul Eduardo Leite.
Em abril deste ano, Leite negou convite do PSD para se candidatar. Em uma carta aberta ainda em abril, o ex-governador gaúcho disse que o candidato do PSDB ao Planalto era Doria.
Desgastado dentro do partido, Doria tentou se agarrar ao resultado das prévias realizadas pelo partido em novembro de 2021, mas seu desempenho ruim nas pesquisas e alto índice de rejeição começaram a gerar disputas dentro do partido. Figuras proeminentes do partido, como Aécio Neves, criticaram abertamente a escolha do ex-governador como candidato. Doria anunciou sua desistência nesta segunda-feira (23).
Já Sergio Moro, ex-juiz e ex-ministro de Bolsonaro, foi quase obrigado a desistir quando trocou o Podemos pelo União Brasil. Pressionado por políticos tarimbados como ACM Neto e Ronaldo Caiado, Moro afirmou que abriu mão da pré-candidatura pelo bem coletivo.
“Me coloquei numa situação de desprendimento para a união nacional, para vencer extremos. Não está descartada nenhuma situação, posso inclusive não concorrer a nada”, disse à CNN, em entrevista no dia 20 de abril.
O ex-juiz disse ter avaliado que somente seu “capital político não daria certo, daí a necessidade de fazer um movimento.” Moro ainda voltou atrás e disse que não havia “desistido de nada”, mas dias depois seu partido anunciou Luciano Bivar como candidato ao Planalto.
O mais provável é que Moro saia candidato a deputado federal por São Paulo, mas mesmo essa candidatura está em risco, com a Justiça Eleitoral investigando sua mudança de domicílio eleitoral.
Já Rodrigo Pacheco, presidente do Senado, desistiu de sua pré-candidatura no começo de março para se dedicar à presidência da casa.
“Tenho que me dedicar a conduzir o Senado para a tão desejada recuperação e reconstrução desse país”, afirmou em discurso no plenário.
O também senador Alessandro Vieira anunciou dias depois sua desfiliação ao Cidadania e o abandono da pré-candidatura. “Não existe nenhuma possibilidade de permanência na disputa pela Presidência da República, isso já é passado nessa trajetória política que eu venho exercendo”, assegurou à CNN em 13 de março.
Huck e Amoedo desistiram de se lançarem candidatos à Presidência em junho do ano passado. O ex-ministro da Saúde do governo de Jair Bolsonaro, que se retirou do cargo no primeiro ano de pandemia da Covid-19, anunciou a desistência em novembro de 2021.
As desistências mostram que, mais do que a dificuldade de se coligar, a terceira via padece de falta de votos. A falta de um candidato único apoiado pelos principais partidos de centro mostra a dificuldade em vencer a polarização entre Lula e Bolsonaro.
A senadora Simone Tebet (MDB) diz que seguirá com a candidatura até outubro. No entanto, vai enfrentar a mesma dificuldade, que é a falta de votos. Ela oscila entre 1% e 2% nas pesquisas de intenção de votos.
A desistência de Dória mostrou também que a realização de prévias pode virar um problema para o partido. No caso do PSDB, a escolha de um candidato no ano anterior às eleições evidenciou o racha dentro do partido, que até agora não consegue se acertar sobre o posicionamento diante da campanha a pouco mais de 4 meses das eleições.
Candidatura da Terceira Via
Tebet emitiu um comunicado logo após o pronunciamento de João Doria, no qual classificou o tucano como “aliado”.
“Doria nunca foi adversário. Sempre foi aliado. Sua contribuição com a luta pela vacina jamais será esquecida. Vamos conversar e receber suas sugestões para nosso programa de governo”, disse a senadora, apontada como principal nome à pré-candidatura dos partidos que se unem na construção de uma candidatura única.
Na última pesquisa eleitoral divulgada ainda com Doria pré-candidato, o tucano aparecia com 4% das intenções de votos, contra 2% de Tebet. O presidente nacional do PSDB, Bruno Araújo, vê a responsabilidade de Tebet crescer com a saída de Doria.
“A responsabilidade de Simone Tebet aumenta, no momento que João Doria faz uma entrega, um movimento tão relevante como esse”, disse.
Entretanto, a desistência de Doria não parece ser o suficiente para pacificar a questão dentro do PSDB. Segundo apuração da jornalista Daniela Lima, da CNN, o nome do ex-governador gaúcho, Eduardo Leite, volta a ganhar força.
A desistência de Doria marca o início de um novo embate entre dois grupos na sigla: o que defende a unidade em torno de Simone Tebet (MDB) e o que quer reconvocar Leite, para ser o candidato do partido. Ele foi o segundo colocado nas prévias que definiram Doria como pré-candidato ao Planalto.
O ex-governador gaúcho elogiou o gesto de Doria:
“O PSDB teve candidato legítimo oriundo das prévias, que agora faz gesto pela unificação da terceira via sob liderança de outro partido. Gesto importante de João Doria, que merece respeito”, declarou Leite.
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