Pular para o conteúdo principal

O Brasil começa a sair do lawfare - por Emir Sader

O Brasil começa a sair do lawfare

"O Brasil começa a trilhar, da sua maneira, a saída do lawfare, da judicialização, da guerra híbrida, da ruptura da democracia, com a restauração dos direitos políticos plenos ao Lula", escreve Emir Sader

(Foto: Felipe L. Gonçalves/Brasil247 | ABr)
Siga o Brasil 247 no Google News Assine a Newsletter 247

O Brasil começa a trilhar, da sua maneira, a saída do lawfare, da judicialização, da guerra híbrida, da ruptura da democracia, com a restauração dos direitos políticos plenos ao Lula.

PUBLICIDADE

A expressão em inglês designa a judicialização da política, o conluio entre o Judiciário e os meios de comunicação para criminalizar líderes da esquerda. É a nova estratégia da direita - chamada também de guerra híbrida - que atingiu ao Brasil, à Argentina, à Bolívia, ao Equador.

Uma estratégia que, rompendo com a democracia, de forma mais ou menos aberta, permitiu a interrupção dos governos democráticos e progressistas da América Latina, e promoveu o retorno da direita ao governo desses países. Um retorno breve, efêmero, porque o que a direita tem a oferecer aos povos do continente é ajuste fiscal, é menos democracia, é renúncia à soberania nacional. Por isso foram de novo derrotados na Argentina, na Bolívia, e estão em processo de se-lo também no Equador.

Essa estratégia foi iniciada no Brasil com o golpe contra a Dilma, que retirou do governo uma presidenta recém-reeleita pelo voto democrático do povo, mas vitima de um processo sem fundamentos jurídicos, que rompeu com a democracia, reinstaurada no Brasil há cerca de 30 anos apenas.

Uma estratégia de lawfare, de judicialização da política, de guerra híbrida, que teve seu segundo capítulo na prisão, condenação e proibição do Lula ser candidato nas eleições presidenciais de 2018 – quando ganharia no primeiro turno, segundo todas as pesquisas. E que teve na monstruosa operação midiática – com a anuência do Judiciário e da mídia – para eleger Bolsonaro presidente do Brasil, em um processo absolutamente antidemocrático.

O Brasil vive todos os sofrimentos da ruptura da democracia, que nunca é boa nem para o povo, nem para o país. Recessão econômica, crise social, mortes ilimitadas pela pandemia, perda da soberania nacional, o povo abandonado, a democrática ferida de morte.

A decisão judicial de restaurar publicamente a inocência do Lula representa o começo do fim de tudo isso. Os outros países, Argentina, Bolívia, Equador, encontraram sua forma de sair do lawfare. A Argentina, depois da derrota eleitoral de 2015 e do fracasso estrepitoso do governo de Mauricio Macri, elegeu Alberto Fernandez, que retoma, à sua maneira, o caminho dos governos de Nestor e Cristina Kirchner, de antineoliberalismo, de democracia, de soberania nacional, de integração latino-americana.

Na Bolívia, depois do golpe que derrubou o governo de Evo Morales, durou pouco também o governo de restauração neoliberal. Assim que se reconquistou o direito democrático de eleger o presidente da República, o candidato vinculado a Evo Morales e ao MAS, Luis Arce, se tornou presidente do país. O Equador está no mesmo caminho, projetando a eleição do candidato ligado a Rafael Correa, Andrés Arauz, como provável novo presidente do país.

O Brasil começa a trilhar, da sua maneira, a saída do lawfare, da judicialização, da guerra híbrida, da ruptura da democracia, com a restauração dos direitos políticos plenos ao Lula. 


Créditos Brasil247

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

POLÍTICA - CORRIDA ELEITORAL

POLÍTICA - CORRIDA ELEITORAL ******************  CORRIDA ELEITORAL  Lula jantou com caciques do MDB. No cardápio, a tentativa de conseguir o apoio do partido já no primeiro turno, com a fritura da candidatura de Simone Tebet. ..........................  Ficou para 7 de maio o lançamento da pré-candidatura de Lula. ..........................  Continua a novela do vice de Bolsonaro. Segundo o presidente, há "90% de chances" de ser Braga Netto.  ****************** Créditos UOL

FERNANDO HADDAD - ”Antiantirracismo”

  FERNANDO HADDAD - ”Antiantirracismo” Sabemos que, ainda hoje, há uma prática no Brasil de simplesmente negar o racismo. Todo aquele discurso eugênico de embranquecer o país, que prevaleceu até os anos 1930, deu lugar à ideia de democracia racial, supostamente evidenciada pela miscigenação. Anos antes da Abolição, foi aprovada a Lei Saraiva (1881), que negava aos analfabetos o direito de votar. Na virada do século 19, os alfabetizados representavam 15% da população. Entre os negros, esse número, considerados censos latino-americanos com recorte racial (Cuba e Porto Rico), devia girar em torno de 2%. Essa realidade só veio mudar com o fim da ditatura militar, cem anos depois, em 1985, quando a taxa de analfabetismo no Brasil ainda era de 22%. A de negros, de cerca de 36%. O povo passou a votar. A luta pela universalização do direito à educação ganhou impulso. E logo os negros bateram à porta da universidade, que permanecia fechada. Vieram o Prouni (2004), o Reuni (2007), o Enem/SiS...

LFS Assuntos Rurais - Resumo das principais notícias de hoje - 13/03/2025

LFS Assuntos Rurais - Resumo das principais notícias de hoje - 13/03/2025 Economia e Produção Agrícola: Aumento na Produção de Grãos: O Brasil registrou um crescimento significativo na produção de grãos entre 2022 e 2023. O Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP) aumentou 1,9%, impulsionado por um recorde na safra de grãos e um incremento de 11,8% na produtividade, com apenas 5% de aumento na área plantada. Este avanço reflete o uso mais eficiente das áreas já cultivadas e o progresso das técnicas agrícolas no país. Wikipedia Sustentabilidade e Meio Ambiente: Impactos Ambientais do Agronegócio: Estudos recentes apontam que, embora o Brasil seja um dos maiores produtores mundiais de alimentos, políticas públicas de proteção ambiental e segurança alimentar têm sido desmanteladas nos últimos anos. Em 2021, mais da metade da população brasileira enfrentava algum grau de insegurança alimentar, com mais de 19 milhões de pessoas passando fome. Além disso, o avanço do agronegócio tem c...