POLÍTICA - Bolsonaro comete 'erro primário' ao criticar Congresso, diz especialista
Pedro Ladeira/FolhaPress/Sputnik |
Em meio à polêmica sobre a convocação que Jair Bolsonaro fez aos protestos contra Congresso e o STF, o governo promete que o texto da reforma administrativa está fechado e será entregue ao Congresso.
O Poder Executivo enviará nos próximos dias a Reforma Administrativa ao Congresso, enquanto o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, diz querer aprovar outra pauta polêmica, a Reforma Tributária, em no máximo 5 meses.
O cientista político da Universidade Federal de Ouro Preto, Antônio Marcelo Jackson, em entrevista à Sputnik Brasil, disse não acreditar que o governo terá tempo hábil para enviar a reforma administrativa ao Congresso, sobretudo com as recentes críticas que o presidente tem feito ao Congresso.
"Eu acredito que não. E sejamos sinceros, com as últimas declarações, ou antes estímulos, apresentados pelo Jair Bolsonaro em relação a críticas ao Congresso, parece que cada vez mais a votação de qualquer coisa fica mais remota. Salvo se tiver interesse do próprio Congresso", disse ele.
O especialista explicou que o Congresso Nacional foi eleito por menos de 50% dos eleitores brasileiros e a maior parte dos eleitores não escolheu os deputados, sendo que "boa parte é representante de empresários, grupos econômicos, fora as famosas bancadas da bala, bancadas da Bíblia".
"Então qualquer votação que aconteça, diz respeito muito mais a esses grupos e possíveis alianças entre eles do que propriamente a um projeto nacional, um projeto de país, um projeto ligado ao poder executivo", declarou.
De acordo com ele, "no caso agora com toda essa crítica ao governo nacional, estimulando protestos para fecharem o Congresso Nacional, mesmo que se envie qualquer coisa agora nesses próximos dias, o primeiro problema vai ser enfrentar toda a oposição ao Jair Bolsonaro".
"Para um sujeito que passou 27 anos na Câmara dos Deputados, não é possível que ele [Bolsonaro] não entenda, estando agora no poder executivo, que existe um jogo de cintura, que deva existir um cuidado com as palavras e ações [...] daí às vésperas do Congresso retomar os trabalhos após o carnaval, ele libera uma crítica ao Congresso Nacional", disse.
"É primário demais esse erro. É de uma 'inocência' que eu não consigo entender", completou Antônio Marcelo Jackson.
Créditos Sputnik, publicado originalmente em - https://br.sputniknews.com/brasil/2020022715271451-bolsonaro-comete-erro-primario-ao-criticar-congresso-diz-especialista/
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